Pazuello alegou “uso não comercial” em contrato com Infraero de empresa que faturava R$ 6 mil por aluno de paraquedismo

Atual ministro interino da Saúde usufruiu de instalações do aeroporto de Jacarepaguá, no Rio, entre 1997 e 2010, sem licitação e pagamento praticamente simbólico, sob a fachada de “não realizar atividade comercial”

General Eduardo Pazuello - Foto: Anderson Riedel/PR
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Por Agência Sportlight

Com aluguel irrisório, o general Eduardo Pazuello, homem de confiança e muito próximo ao presidente da República e agora ministro da saúde interino, manteve o “Clube Barra Jumping Paraquedismo” usufruindo das instalações do Aeroporto de Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro, entre 1997 e 2010. Sob a fachada de “não realizar atividade comercial” e enquadrado como “entidade aerodesportiva”. No entanto, a reportagem do Sportlight encontrou inúmeros registros de bons lucros ao longo dessa quase década e meia.

Sem licitação e pagamento praticamente simbólico, o militar celebrou o primeiro contrato de concessão de uso do local com a Infraero, empresa pública, (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) em 1º de setembro de 1997.

Além de desobrigar qualquer inversão de capital, o contrato continha os seguintes pontos: dispensa de licitação, duração de 12 meses e um valor mensal fixo muito abaixo do mercado, estabelecido então em R$300,00 (trezentos reais) de então, equivalentes a R$1.640,15 de hoje (mil seiscentos e quarenta reais e quinze centavos, corrigidos pelo IGP-M).

No entanto, uma breve olhada nos arquivos de jornais encontra outra realidade, distinta da presente nos contratos com a Infraero e na alegação de “não utilização comercial” usada pela defesa na justiça. E bons ganhos.

Em 14 de agosto de 2005, uma chamada do “Clube do Assinante” do jornal O Globo, oferece desconto no chamado “salto duplo” de paraquedas do “Clube Barra Jumping”. Não chegou a ser um grande desconto, já que o preço normal descrito era de R$ 575,00 (atuais R$ 1.098,57, corrigidos pelo IGP-M) e o assinante do jornal disposto a saltar pagava R$ 517,50 (atuais) R$ 988,71.

Em 13 de julho de 2008, quando o aluguel era de R$ 880 (atuais R$ 1.710,88), um curso de pára-quedismo de oito aulas do aeroclube era exaltado em reportagem como “a melhor sensação do mundo” pela atriz Daniele Suzuki. Ao preço de R$ 3.000,00 (atuais R$ 5.832,54). Umas três vezes o aluguel em um único aluno.

De acordo com o preço dos saltos duplos e dos cursos de formação encontrado nos jornais, a conta não é difícil. Em 2011, uma reportagem do jornal O Globo fala em 500 paraquedistas formados pela empresa e 5.000 saltos duplos desde fundada até então. Além de um preço extra em cada salto duplo para quem pagasse por um serviço de filmagem e fotos da empreitada pelos ares.

Questionado pela reportagem, o General Pazuello, através da assessoria de imprensa do ministério da saúde, afirmou que a relação entre sua empresa e a Infraero, “não teve uso comercial”.

Leia a reportagem completa no Sportlight