Pazuello é representado no MP militar por negociar Coronavac com empresa intermediária

Apesar de ter dito à CPI que não cabe ao ministro negociar vacinas, vídeo mostra Pazuello tratando sobre a aquisição do imunizante da Sinovac com representantes de empresa ao triplo do preço oferecido pelo Instituto Butantan

Eduardo Pazuello com representantes da World Brands, que negociavam venda da Coronavac (Foto: Reprodução)
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O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) acionou uma série de órgãos para que o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, seja investigado pelo crime de improbidade administrativa.

O motivo é o fato de Pazuello, conforme mostra vídeo divulgado na última semana, ter tentado negociar a vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac, com uma empresa intermediária. A reunião aconteceu em 11 de março, fora da agenda oficial do então ministro.

Antes do vídeo vir à tona, o militar havia dito aos senadores da CPI do Genocídio que não caberia ao ministro da Saúde negociar imunizantes, mas sim à sua equipe. O vídeo, no entanto, mostra Pazuello tratando da aquisição das vacinas com representantes da World Brands, uma empresa de Santa Catarina que lida com comércio exterior.

A negociação feita por Pazuello com a World Brands envolveria 30 milhões de doses da vacina pelo preço unitário de US$ 28 a dose. Dois meses antes da reunião, o governo havia anunciado a aquisição de 100 milhões de doses da Coronavac do Instituto Butatan, pelo preço de US$ 10 a dose.

Pela prática escusa, Ivan Valente acionou, contra Pazuello, a Procuradoria da República no Distrito Federal, o Ministério Público Militar, o Ministério da Defesa, o comando do Exército e a Comissão de Ética da Presidência da República com uma representação apontando crime de improbidade administrativa.

Na ação, o deputado afirma que, ao negociar vacinas com uma empresa intermediária com um valor superior ao praticado pelo mercado, Pazuello incorre em ato "absolutamente incompatível com os princípios que regem a administração pública, ate a inobservância ao princípio de eficiência".

"Trata-se de clara situação de improbidade administrativa e violação ao princípio de eficiência que deve ser resguardado por todo agente público, independentemente da hierarquia, o que exige procedimento para apuração de responsabilidade", escreve ainda o psolista.

Convocação à CPI

Logo após o vídeo que mostra Pazuello negociando a Coronavac com intermediários vir à tona, senadores da CPI do Genocídio informaram que vão convocar para depor o empresário, identificado como John, que aparece nas imagens com o ex-ministro da Saúde.

"Estamos diante de uma hidra, que a gente corta uma cabeça e aparece uma outra", comparou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI.

Ele destacou que a comissão vai aproveitar o recesso para averiguar a atuação de John.

O senador Humberto Costa (PT-PE) destacou a contradição de Pazuello, que disse, em depoimento à comissão, que em jamais negociou diretamente a compra de vacinas.

“Acho que é uma profunda contradição. Ele vai ter que se expressar diante dessa contradição quando voltar à CPI, provavelmente em agosto ou setembro. Demonstra mais uma vez que ele mentiu”, destacou.