PEC dos Precatórios: PDT muda de lado e vai orientar voto não

PDT havia orientado voto favorável ao projeto defendido por Bolsonaro, o que gerou uma crise no partido e até "suspensão" da candidatura de Ciro Gomes à presidência

Wolney Queiroz, líder do PDT na Câmara (Foto: Alexandre Amarante/PDT na Câmara)
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O líder da bancada do PDT na Câmara, deputado Wolney Queiroz (PE), revelou à jornalista e apresentadora do Programão da Fórum, Cynara Menezes, que a legenda mudou seu posicionamento e vai orientar voto contra a PEC dos Precatórios (PEC 23/2021), proposta defendida pelo governo Bolsonaro.

A PEC, que vai legalizar calotes em precatórios e é defendida por Jair Bolsonaro para financiar o programa eleitoreiro Auxílio Brasil, foi aprovada em votação de primeiro turno na última semana com margem apertada: 312 votos, quando o necessário para aprovar eram 308 votos.

Diferente de outros partidos de oposição, a bancada pedetista orientou voto “sim” à PEC. Essa posição abriu uma crise interna e fez o pré-candidato à presidência do partido, Ciro Gomes, vir à público para dizer que discorda de sua legenda e que vai “suspender” sua pré-candidatura até que a bancada reveja seus votos, já que, se tivesse orientado "não", é provável que a PEC fosse derrubada.

A votação em segundo turno da PEC dos Precatórios está marcada para esta terça-feira (28).

"Não recebi um telefonema"

Na última semana, em meio à crise no PDT, Wolney Queiroz havia enviado uma mensagem à sua bancada afirmando que não recebeu nenhum contato de Ciro Gomes para falar sobre a PEC dos Precatórios e que o partido formou maioria para votar a favor da proposta.

“Importante ressaltar uma coisa: a votação dessa PEC 23 (Precatórios) era assunto predominante nos noticiários em todas as TVs, portais, blogs e jornais do Brasil. A imprensa especializada já anunciava que PDT e PSB poderiam votar a favor da PEC. Apesar disso, não recebi do presidente Ciro um telefonema, um e-mail, uma mensagem, um recado. Nada. Rigorosamente nenhuma orientação”, escreveu Wolney Queiroz no texto para sua bancada.

Ele afirmou, ainda, que o deputado André Figueiredo (PDT-CE), aliado de Ciro e que votou contra a PEC, esteve à frente das tratativas, que contaram com amplo debate e ponderações, e que ele chegou a almoçar com o presidente do partido, Carlos Lupi, “cientificando-se da tendência que se avizinhava”.

Virada de votos da oposição não basta

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (8), o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), os votos do PDT foram decisivos para a aprovação da PEC dos Precatórios no primeiro turno.

“Não tenho dúvidas de que, sem os votos do PDT e PSB, a proposta não seria aprovada. Houve um erro de avaliação”, analisou.

Para Ramos, no entanto, somente a virada de votos desses parlamentares do PDT e PSB na votação em segundo turno, marcada para esta terça-feira (8), não garante a derrubada da PEC.

“Tínhamos 60 deputados ausentes no primeiro turno”, disse, adicionando que “nenhum” deputado que estava em missão no exterior, beneficiados por uma das manobras de Lira, votou.