Petroleiros reagem a discurso do presidente da Petrobras na Câmara: "Mentiu"

FUP não foi convidada para debater com Silva e Luna na Câmara, mas parlamentares chegaram a desmentir algumas das afirmações do presidente da estatal

Presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna | Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados
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A Federação Única dos Petroleiros (FUP) reagiu na noite desta terça-feira (14) às declarações feitas pelo presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, durante sessão da Comissão Geral da Câmara dos Deputados sobre os preços dos combustíveis. O preço médio da gasolina subiu pela sexta semana consecutiva, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo.

Segundo os petroleiros, Silva e Luna mentiu aos parlamentares para defender a política de Preço de Paridade de Importação (PPI). "Silva e Luna preferiu culpar o ICMS pela contínua alta dos preços e não disse que o real motivo do governo Bolsonaro para a dolarização dos preços dos combustíveis é estimular uma política de incentivo às importações de derivados e GLP", escreveu Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, nas redes sociais.

O dirigente petroleiro afirma que essa politica beneficia "produtores internacionais e importadores, como se o Brasil não produzisse internamente praticamente todo o petróleo que consome e não tivesse capacidade de refino".

Bacelar destacou que Silva e Luna repetiu uma mentira que foi usada em propaganda enganosa derrubada na Justiça. "Em meio à alta da gasolina, que já alcança R$ 7 em alguns estados, a Petrobrás lançou propaganda mentirosa dizendo que recebe em média R$ 2 a cada litro de gasolina. Ação civil pública obrigou a Petrobrás suspender a publicidade enganosa. Mesmo assim, Luna e Silva manteve a mentira", afirmou.

Na Câmara, o presidente da estatal disse que "a parte que corresponde à Petrobras dá da ordem de 2 reais, considerando esse valor de 6 reais por litro", tentando eximir a empresa da responsabilidade no aumento do preço aos consumidores.

A FUP disse à Fórum que não foi convidada pela Câmara para debater sobre os rumos da Petrobras. "Infelizmente não fomos convidados. Enviamos muitos dados para deputados, mas não pudemos participar de um debate que é tão importante para nós. Desde o golpe de 2016 estamos alertando que a política de preços ia explodir em uma grande crise", lamentou Tadeu Porto, diretor de comunicação da FUP.

Deputados contestam Silva e Luna

Parlamentares, no entanto, chegaram a rebater as afirmações de Silva e Luna. "Quando se analisam os 2 últimos anos, a parcela do preço que mais aumentou foi a da própria Petrobras", afirmou o líder do PT, Bohn Gass (PT-RS), durante sessão. O deputado ainda criticou a defesa que o presidente da estatal fez da privatização de refinarias.

"A privatização de partes da Petrobras na área de refino expõe demasiadamente os preços internos à volatilidade do preço do petróleo fixado em mercados financeiros internacionais e, em especial, no caso brasileiro, à desvalorização brutal do valor relativo à moeda nacional. Além do componente da nefasta política de preços adotada pela Petrobras, os impactos para o País também poderão ser agravados no futuro com a privatização da estatal e a sua substituição por um monopólio privado do petróleo no País", afirmou.

Bohn Gass disse ainda que a lógica do PPI "é um fracasso para o País".

A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) também foi dura nas críticas à gestão da empresa. "O Presidente Bolsonaro disse que iria baixar o preço do gás de cozinha. Mentiu quando ele não muda essa política. Disse que iria baixar o preço da gasolina. Ele também mentiu quando não teve coragem de mudar essa política", destacou.

"A partir do golpe de 2016, se adotou a pior política possível, e aquela empresa, que sempre pensou no desenvolvimento nacional, passou a adotar uma política que interessava aos acionistas minoritários da empresa e que interessa ao capital estrangeiro, menos ao Brasil", disse ainda.

Com informações da Câmara e da FUP