Petroleiros: Enfraquecida, Petrobras completa 68 anos

Durante os governos Temer e Bolsonaro, a Petrobras passou por cortes de investimento e privatizações

Foto: EBC/ArquivoCréditos: Div
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A Federação Única dos Petroleiros (FUP) não vê motivos para celebrar os 68 anos da Petrobras, completados nesta sexta-feira (1º). Para os petroleiros, a empresa está encolhendo, se tornando exclusivamente produtora e exportadora de petróleo bruto, saindo do refino e demais atividades.

“Com os desinvestimentos, a Petrobrás vai deixando de ser uma empresa integrada e perde capacidade econômico-financeira de resistir a sobressaltos do volátil mercado global de petróleo e gás natural”, afirma Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP.

Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), com base em números divulgados pela petroleira, mostra que a velocidade do processo de privatização de unidades da empresa tem acelerado durante o governo Jair Bolsonaro. O ministro da Economia, Paulo Guedes, explicitou seu interesse em se desfazer da petrolífera durante evento realizado na segunda-feira (27). Guedes afirmou que a Petrobras está entre os planos de privatização para os próximos 10 anos.

Desinvestimento

Segundo o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), a Petrobrás já desinvestiu cerca de US$ 36 bilhões desde 2016. A empresa tem vendido campos de terra e águas rasas, refinarias, ativos relacionados aos segmentos de gás, renováveis, fertilizantes, petroquímica e termelétricas.

No ano passado, a companhia investiu US$ 8 bilhões, um volume de investimentos similar ao realizado em 2004, de US$ 7 bilhões, e um sexto do realizado em 2013, de US$ 48 bilhões.

“Sob o argumento de 'aumento da concorrência' e 'queda dos preços', a Petrobrás está vendendo ativos importantes, em áreas estratégicas, a preços de banana, como a Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, comercializada por US$ 1,65 bilhão, e que valeria entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões, segundo cálculos do Ineep, e de instituições financeiras como o BTG Pactual e a XP Investimentos. Também a Isaac Sabá (Reman), no Amazonas, foi vendida por US$ 189,5 milhões, 70% do seu valor de mercado, de acordo com o Ineep”, afirma Bacelar.

Política da Petrobras faz preço dos combustíveis dispararem

Durante o governo Jair Bolsonaro, o preço dos combustíveis tem disparado muito por conta da política adotada pela empresa. Apesar de Bolsonaro culpar os impostos estaduais, a manutenção da política de preço de paridade de importação (PPI) é apontada pelos petroleiros como a principal causa do aumento.

“O verdadeiro culpado pelos sucessivos reajustes dos combustíveis é a política de preço de paridade de importação (PPI), adotada pela gestão da Petrobrás, que se baseia nas cotações internacionais do petróleo, na variação do dólar e nos custos de importação, sem levar em conta que o Brasil produz internamente cerca de 90% do petróleo que consome”, afirmou Bacelar, na quarta-feira (29).

“Não adianta o jogo de empurra em busca de responsáveis pela alta dos derivados. O ICMS e as margens de distribuidoras e postos são percentuais cobrados sobre o preço na refinaria, quando a Petrobrás sobe, tudo isso sobe”, completou.

Com informações da FUP