PGR recua de denúncia contra Arthur Lira, líder informal de Bolsonaro no Centrão

Assessora de confiança de Augusto Aras, a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, contrariou a própria denúncia, de três meses atrás, para tentar livrar o principal articulador de Bolsonaro junto ao Centrão de processo por receber propina de R$ 1,5 milhão de empreiteira

Bolsonaro e Arthur Lira (Reprodução)
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Contrariando a própria denuncia, de três meses atrás, em que diz que há comprovação de propina no valor de R$ 1,5 milhão, a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, coordenadora da Lava-Jato na PGR, voltou atrás e pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a rejeição da denúncia contra o deputado Arthur Lira (PP-AL), líder informal e um dos principais articuladores de Jair Bolsonaro junto ao Centrão.

Assessora de confiança do procurador-geral da República (PGR) Augusto Aras, Lindôra protocolou nesta segunda-feira (28) a resposta ao pedido da defesa de Arthur Lira para que o STF rejeitasse a denúncia, desconstruindo a própria denúncia ao relatar "fragilidade probatória".

"Não há elementos nos autos que comprovem o elo entre o parlamentar e a Queiroz Galvão [que teria pago a propina]", diz a subprocuradora em sua manifestação, ressaltando que "ademais, não consta da planilha de controle do 'caixa de propina' à disposição do Partido Progressista nenhuma informação de que os referidos valores seriam destinados a ARTHUR CÉSAR PEREIRA LIRA (consta a informação de que o 'dinheiro foi para BSB destinado a políticos do PP / Liderança')".

Dinheiro em espécie
Diferentemente do que relatou nesta segunda-feira, há três meses, Lindôra afirmou que "resta provado, para muito além de meras palavras de colaboradores, que o Deputado Federal ARTHUR CÉSAR PEREIRA DE LIRA recebeu, em duas vezes, indiretamente, vantagem indevida de R$ 1.598.700,00 (um milhão, quinhentos e noventa e oito mil e setecentos reais), em razão da função pública, provenientes de valores desviados de obras da PETROBRAS S/A, pela empresa QUEIROZ GALVÃO".

A subprocuradora também detalhou o funcionamento da engenharia financeira estruturada para lavar o dinheiro que, segundo ela, foi entregue "em espécie" ao deputado bolsonarista.

"Em momento posterior, o dinheiro foi fracionado e transferido ao exterior ( crime de evasão de divisas) e depois novamente internalizado mediante operações paralelas de câmbio, conhecida por operação dólar-cabo. O valor foi devolvido a ALBERTO YOUSSEF, responsável por entregar o dinheiro em espécie a assessor do parlamentar ARTHUR DE LIRA".