Por telefone, Osmar Terra e Onyx arquitetam demissão de Mandetta

O presidente Jair Bolsonaro já revelou que tem "ouvido muito" o ex-ministro, que voltou a fazer previsões contraditórias o sobre a Covid-19

Osmar Terra e Bolsonaro | Reprodução/Facebook
Escrito en POLÍTICA el

O ex-ministro da Cidadania e deputado federal (MDB-RS), Osmar Terra, vazou para a rede CNN Brasil nesta quinta-feira (9) uma conversa dele com o atual chefe da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM), em que os dois criticam o ministro da Saúde, Henrique Mandetta (DEM), e defendem que ele seja demitido pelo presidente Jair Bolsonaro.

"Ele [Mandetta] não tem compromisso com nada que o Bolsonaro está fazendo", diz Onyx em trecho da conversa sobre o correligionário. "Eu acho que [Bolsonaro] deveria ter arcado (com as consequências de uma demissão)…", completou após Terra dizer que o ministro da Saúde "se acha".

A conversa foi captada pelo jornalista Caio Junqueira, da CNN Brasil. Junqueira ligou para Terra, que deixou o telefone ligado durante toda a conversa - de cerca de 14 minutos.

Onyx ainda confidenciou que não conversa mais com Mandetta. "Ali para mim foi a pá de cal. Eu já não falo com ele há dois meses. Aí acho que é xadrez. Se ele sai vai acabar indo para a secretaria do Doria.", completou.

Terra, cotado para ocupar a pasta em caso de demissão de Mandetta, afirmou que o ministro deveria "se adaptar ao discurso do Bolsonaro" e disse que "ajuda" Bolsonaro mesmo fora do governo. "Eu ajudo Onyx. E não precisa ser eu o ministro, tem mais gente que pode ser", disse. O atual ministro apelidou o deputado de "Osmar Trevas".

Em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, o presidente Jair Bolsonaro declarou na quarta-feira que tem ouvido bastante Terra. "Tenho falado com o Osmar Terra, que entende muito de H1N1 e ele diz que com ou sem isolamento o número de óbitos será grande", revelou.

O ex-ministro ainda fez uma previsão contraditória. Segundo ele, "vai morrer menos gente de coronavírus do que de gripe sazonal", mas apontou um índice de 3 mil a 4 mil mortos.

Segundo dados do Ministério da Saúde, foram 1.109 mortes de gripe no último ano, 796 por H1N1. Já são 800 mortos pela Covid-19 em menos de dois meses do surto da doença no Brasil - o primeiro caso foi registrado em 26 de fevereiro. Em 2018, foram 839 mortos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).