"Precisamos desconsiderar o Bolsonaro", diz Ciro Gomes

Ciro ainda criticou a atuação do PT e disse estar formulando propostas para a crise do coronavírus

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Vice-presidente do PDT (Partido Democrático Trabalhista) e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, afirmou nesta segunda-feira (3) que o cumprimento das medidas de isolamento não impede que seu partido apresente propostas de atuação diante da pandemia de Covid-19. Candidato à presidência nas eleições de 2018, Ciro declarou, em entrevista à Carta Capital: "Temos na Presidência da República um irresponsável, completamente despreparado. Mas isso só explica um pedacinho do problema". Ciro afirmou que está participando de reuniões e oferecendo apoio ao governador do Ceará, Camilo Santana (PT), mas que não concorda com a atuação da oposição, no momento. Para Ciro, a estratégia de Bolsonaro consiste em "radicalizar o argumento para uma fração minoritária da sociedade brasileira que permanece do seu lado". Formando um "grupo de apoio agressivo", segundo o pedetista, o o presidente afastaria a possibilidade de impeachment: "Com 25% ao lado dele, os políticos não vão considerar a possibilidade de removê-lo do poder agora". O ex-governador também defendeu que Bolsonaro segue uma linha estratégica apoiada pelos filhos e seus parceiros estadunidenses. Quanto ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), Ciro comenta que a resistência às propostas econômicas vem de um compromisso com a agenda neoliberal, mas que está aberto a diálogo. Ele também destaca que, diante desse cenário, o PDT está conversando sobre propostas a serem apresentadas: "Tivemos uma reunião ontem (terça 24). Estamos discutindo uma coisa séria, fazendo simulações. O que seria possível pagar a esse contingente de trabalhadores informais, àqueles obrigados a ficar em casa e sob risco de perder o emprego? 800? 500 reais?". Ciro afirma discordar da posição do PT e considera que oferecer o valor de um salário mínimo como auxílio à população vulnerável é inviável. "Em um país com 11 milhões de desempregados, 38 milhões na informalidade, no qual 100 milhões recebem 413 reais por mês, o Estado não conseguiria. Uma proposta dessa não tem compostura, não guarda coerência. Os cidadãos não são idiotas", diz. Sobre o posicionamento do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, Ciro comenta que "será triste" se ele concordar com o incentivo de Bolsonaro ao fim do isolamento social. Apesar do posicionamento do presidente, Ciro diz acreditar na movimentação da população contra a volta à normalidade, dando destaque ao papel da mídia: "Nossa sorte é que a confiança da população nas informações corretas vai atenuar em grande medida os problemas, mas eles acontecerão". Ciro afirma que o PDT está formulando propostas, e critica: "A burocracia do PT parece não ter aprendido nada". Segundo ele, é preciso detalhar a origem do dinheiro a ser gasto para lidar com a crise. "Antes de tudo, é preciso dirimir o medo em relação ao futuro. O dinheiro existe e está no caixa do Tesouro. Está guardado na conta única do governo 1,35 trilhão de reais. Não precisamos postergar dívidas por enquanto, não precisa aumentar os impostos imediatamente, nada", diz. Quanto à estratégia do atual governo, ele considera catastrófica: "A economia vai despencar em 7%. O desemprego vai alcançar 30 milhões de trabalhadores. Teremos saques nos supermercados, violência. E não demora." O ex-ministro também responsabilizou o presidente pelo mau-andamento da crise. "É isso que precisamos fazer. Desconsiderar o Bolsonaro", afirmou. Leia a entrevista na íntegra.

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