Prefeitura volta atrás e desmente distribuição de “ração humana de Doria” aos pobres

Depois da péssima repercussão, administração municipal não aguentou a pressão e mudou o discurso sobre sua decisão de lançar o programa de distribuição de alimentos reprocessados.

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Depois da péssima repercussão, administração municipal não aguentou a pressão e mudou o discurso sobre sua decisão de lançar o programa de distribuição de alimentos reprocessados. Da Redação* Depois da péssima repercussão, a prefeitura de São Paulo não aguentou a pressão e voltou atrás sobre sua decisão de lançar o programa de distribuição de alimentos reprocessados para pobres, a chamada “ração humana”, lançado por João Doria Jr. (PSDB). A última informação é que não existe nenhuma parceria firmada e que ainda não sabe se distribuirá o produto feito de alimentos próximos do prazo de validade. O programa Alimento para Todos foi lançado em um vídeo nas redes sociais publicado pelo prefeito na semana passada, e anunciado na página da Secretaria de Direitos Humanos. De acordo com o texto, o programa faria a distribuição de um composto, feito com base em alimentos que não seriam vendidos, para populações com carências nutricionais. A distribuição seria feita a partir de uma parceria com a empresa Plataforma Sinergia. Em um vídeo publicado em seu perfil pessoal, Doria mostrou o biscoito feito com o composto e afirmou que ele seria distribuído pela prefeitura já a partir de outubro. “Esse é o alimento para todos. Aqui, você tem alimentos que estariam sendo jogados no lixo e que são reaproveitados, com toda a segurança alimentar. São liofilizados e transformados em um alimento completo: em proteínas, vitaminas e sais minerais. E a partir deste mês de outubro, começa a sua distribuição gradual, por várias entidades do terceiro setor. Igrejas, templos, a sociedade civil organizada, além da prefeitura de São Paulo, para oferecer às pessoas que têm fome. Em São Paulo inicialmente, e depois em todo o Brasil”, afirma na mensagem o tucano. O anúncio do programa gerou críticas nas redes sociais, onde o alimento foi chamado de “ração para pobre”. O Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região (que engloba São Paulo) manifestou posição contrária à proposta, entendendo que ela “contraria os princípios do Direito Humano à Alimentação Adequada”. Agora, a secretária de Direitos Humanos, Eloísa Arruda, afirmou que nenhuma parceria com a Plataforma Sinergia foi firmada e que a prefeitura não sabe se irá receber e distribuir o produto. Ela explicou que o programa Alimento para Todos, lançado por João Doria, ainda não possui plano concreto, e que estão sendo realizados estudos sobre possíveis projetos. “Não está certo que irá ocorrer [a distribuição do reprocessado]. Poderá ocorrer. E se ocorrer na cidade de São Paulo, será como complemento dos alimentos in natura e para uma população identificada como de alta carência nutricional”, disse a secretária. “Na verdade, no dia do lançamento da política municipal, a Plataforma Sinergia foi apresentada pelo prefeito como um exemplo de boa prática. Não houve assinatura de convênio ou nada disso”, completou. Um texto com data do dia 9 de outubro, publicado na página da Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura, trazia a seguinte informação: “Com o objetivo de combater o desperdício de alimentos, foi lançado neste domingo (8), no auditório do Ibirapuera, o projeto Alimento para Todos, uma parceria entre a prefeitura de São Paulo e a Plataforma Sinergia”, no início do texto. E “a parceria entre a prefeitura e a Plataforma Sinergia prevê a destinação de todos os tipos de alimentos de boa qualidade e dentro do vencimento para a produção do 'Allimento', que será entregue às populações com carências nutricionais no município”, ao final. Após ser cobrada, a prefeitura retirou o texto antigo de seu site e colocou um novo, que suprimia os trechos sobre a parceria com a Plataforma Sinergia. Questionada sobre a mudança, a Secom enviou nota afirmando: “Em virtude da desinformação generalizada promovida sobre o tema por alguns veículos de comunicação, este texto foi alterado em 16/10/2017 para melhor esclarecer o público”. *Com informações do UOL  Foto: SMDH/PMSP