Presidente da Funai fez mudança a toque de caixa para nomear evangelizador para tribos isoladas

Manobra de Marcelo Xavier para nomear o evangélico Ricardo Lopes Dias durou apenas 24 horas

Ricardo Lopes Dias/Arquivo pessoal
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O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, fez uma manobra sob medida e que durou apenas 24 horas para garantir a nomeação do teólogo evangélico Ricardo Lopes Dias, que será responsável pela chefia de um dos setores mais sensíveis do órgão, a coordenação de índios isolados e de recente contato. Para tanto, documentos obtidos pelo Globo mostram que Marcelo Xavier derrubou um dos empecilhos administrativos para garantir, em algo pensado sob medida para Dias, a nomeação de alguém de fora da Funai na coordenação de índios isolados. A manobra se iniciou no dia 28 de janeiro, quando ele pediu para alterar a natureza do cargo. Até então, a função era do tipo Função Comissionada do Poder Executivo (FCPE), que só poderia ser ocupado por servidores públicos efetivos. Quarenta minutos depois, a Coordenação-Geral de Gestão Estratégica encaminhou o pedido do presidente da Funai ao Serviço de Modernização e Organização do órgão. Menos de 24 horas depois, a Coordenação de Planejamento e Modernização emitiu um parecer dizendo que era possível transformar o cargo em Diretoria e Assessoramento Superior (DAS), que pode ser ocupado por pessoas fora do serviço público. Na tarde do dia 29 de janeiro, o setor deu aval para a alteração e produziu uma minuta de portaria para formalizar a mudança. No mesmo dia, Marcelo assinou a portaria e, no dia seguinte, ela foi publicada no Diário Oficial da União. Ricardo Lopes Dias não faz parte do quadro da Missão Novas Tribos do Brasil, que tem como principal objetivo a evangelização indígena, desde 2010. Ele atuou na MNTB de 1997 a 2010. Em uma dissertação de 2015, Dias destaca que o papel da Missão Novas Tribos é “a plantação de uma igreja nativa autóctone em cada etnia e para isso dispõe de treinamento bíblico, linguístico e transcultural próprio, além de uma consultoria técnica para assessoria estratégica e de acompanhamento espiritual por meio de visitas regulares da liderança aos missionários nos campos”. ERRATA: Ao contrário do que foi divulgado anteriormente, Ricardo Lopes Dias não é mais membro da MNTB, tendo se desligado da organização em 2010.