Presidente do Bradesco: Bancos e ricos podem contribuir com 1% a mais de impostos durante a crise

Garoto-propaganda das reformas neoliberais do governo, Octavio de Lazari evitou críticas a Bolsonaro e reclamou de ajustes "na parte fiscal, com o objetivo de ajudar as pessoas mais necessitadas"

Octavio Lazari, presidente do Bradesco (Reprodução)
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Três meses após anunciar lucro de R$ 25,8 bilhões no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior afirmou em entrevista à revista Veja, divulgada nesta sexta-feira (15), que bancos, grandes empresas e ricos podem "contribuir um pouco mais" diante da crise econômica sem precedentes por causa da pandemia do coronavírus.

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"Talvez os mais ricos tenham de contribuir com 1 ponto porcentual a mais de imposto, assim como os bancos e as grandes empresas devam pagar alíquota de 21% em vez de 20% (tributação sobre o lucro), por um período predeterminado, para que possamos ajudar a economia a se recuperar. Mas isso é apenas para os que podem", disse o executivo, que atua como garoto-propaganda das reformas neoliberais do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Lazari, no entanto, anuncia que os bancos vão aumentar ainda mais os juros diante da previsão de inadimplência causada pela crise. "Para dinheiro novo, os juros deverão subir um pouco, em função do risco, que aumentou. Nesses casos, teremos de ser mais conservadores e rigorosos na concessão de crédito. Às vezes, ao dar liquidez demais a uma empresa, ela pode quebrar".

Bolsonaro
Indagado sobre a crise política causada por Bolsonaro em meio à pandemia do coronavírus, Lazari desconversou e, sem citar o governo ou o presidente, disse ter "certeza de que o conflito agora não traz benefício para ninguém". "O momento carece de união para combater esse inimigo em comum que é o vírus. Depois, aí sim, recuperamos a economia, o emprego."

O presidente do Bradesco ainda reclamou de que o governo terá de mexer "na parte fiscal, com o objetivo de ajudar as pessoas mais necessitadas".
"Isso significa que todo aquele benefício de 800 bilhões de reais de economia em dez anos conseguidos com a aprovação da reforma da Previdência será consumido no combate aos efeitos da Covid-19".