Presidente do TSE, Barroso detona voto impresso, defendido por Bolsonaro: "História trágica"

Na mesmo evento em que admitiu que o impeachment de Dilma não foi motivado por crime de responsabilidade, ministro se referiu à defesa do bolsonarismo ao voto impresso como "onda de desinformação"

Foto: Antonio Augusto/TSE
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Durante o Simpósio Interdisciplinar sobre o Sistema Político Brasileiro, realizado na tarde desta segunda-feira (5) em Brasília, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, criticou duramente a proposta do retorno do voto impresso nas eleições, que é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro.

"O manuseio do voto sem filmagem nos reconduz ao filme de terror que nós vivíamos antes. O papel é menos seguro. O manuseio humano sempre foi o foco de todas as fraudes. A história brasileira com o voto em papel é uma história trágica", disse Barroso, que também é ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

O magistrado reforçou a segurança das auditorias que já são feitas nas urnas eletrônicas e detalhou como se dá o sistema: "Na véspera das eleições, com as urnas já em seus locais, cem urnas são sorteadas no Brasil inteiro. São tiradas de onde já estão e levadas ao TRE, na presença dos partidos, do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Polícia Federal. Ali, elas são submetidas a uma auditagem com uma empresa de auditoria independente, em um ambiente controlado, com filmagem, o voto é passado de uma cédula para a urna eletrônica e depois impresso, e a empresa de auditoria verifica se o que saiu é idêntico ao que entrou. Nós vamos ampliar esse número, mas o problema é que, para cada uma, é preciso filmagem porque, para ser controlado e filmado".

Segundo Barroso, a defesa que bolsonaristas têm feito do voto impresso se trata de uma "onda de desinformação".

Bolsonaro prega fraude com medo de perder

Na última semana, obcecado em atacar o ex-presidente Lula, que lidera com folga as pesquisas de intenção de voto, e ameaçando uma “convulsão” caso perca as eleições no próximo ano, Jair Bolsonaro ligou a defesa do armamento à falácia defendida por ele sobre fraudes nas urnas eletrônicas.

“Por decreto, tem gente comprando fuzil. E tem que ter fuzil. Porque o bandido tem, porque o homem de bem não tem que ter também. Agora, eu sou massacrado por isso”, disse, emendando que “o próprio nove dedos falou que se chegar ao governo, vai tomar arma do povo. Agora, só chega na fraude. Na fraude“, disse.

Antes, Bolsonaro voltou a ironizar a declaração de Barroso pedindo provas sobre as denúncias de fraude. “Ah, tem que apresentar provas. Apresento se eu quiser”, disse o presidente, ressaltando que contatou “hackers” para fazer uma “demonstração pública” sobre a falta de segurança nas urnas eletrônicas.