Presidente do TSE, Barroso rebate Bolsonaro e condena "ilegítima desestabilização das instituições"

"Uma importante lição da história é a de que governantes democráticos desejam ordem. Por isso mesmo, não devem fazer acenos para desordens futuras, violência e agressão às instituições", afirma o ministro do STF

Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF
Escrito en POLÍTICA el

Luis Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), reagiu nesta quinta-feira (7) às declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro sobre a invasão do Congresso dos Estados Unidos por golpistas apoiadores do presidente não-reeleito Donald Trump (Partido Republicano).

Em tom de ameaça, Bolsonaro alegou que foi “roubado” nas eleições de 2018 e disse que distúrbios piores poderão acontecer no Brasil em 2022 caso não seja adotado o voto impresso.

Barroso divulgou uma nota por meio do site do TSE onde rebate as alegações de fraude e sustenta que "nos Estados Unidos, existe o voto impresso, o que não impediu o ajuizamento de dezenas de ações para questionar o resultado eleitoral, todas sem êxito". "Tudo o que não se precisa no Brasil é a judicialização do processo eleitoral", declarou em trecho da mensagem.

Em seguida, adota tom duro contra a declaração do presidente da República, sem citá-lo nominalmente.

"A vida institucional não é um palanque e as pessoas devem ser responsáveis pelo que falam. Se alguma autoridade possuir qualquer elemento sério que coloque em dúvida a integridade e a segurança do processo eleitoral, tem o dever cívico e moral de apresentá-lo. Do contrário, estará apenas contribuindo para a ilegítima desestabilização das instituições", afirmou.

"Uma importante lição da história é a de que governantes democráticos desejam ordem. Por isso mesmo, não devem fazer acenos para desordens futuras, violência e agressão às instituições", finaliza.

Reações

O aceno golpista promovido pelo presidente foi alvo de uma ação apresentado pelo PT ao TSE e à PGR. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também reagiu,  mas se limitou a repassar a demanda para o Poder Judiciário, sem falar em impeachment.