"Queremos que dê certo", diz presidente do PSB sobre tentativa de união entre Haddad e França em SP

PT e PSB já possuem candidatos para o Palácio dos Bandeirantes, mas querem chegar a um acordo de candidatura única; Gleisi ainda defende envolver o PSOL, que trabalha com o nome de Guilherme Boulos

Fernando Haddad e Márcio França (Foto: Arquivo Pessoal)Créditos: Divulgação
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Com alianças praticamente definidas em alguns estados e prestes a formarem uma federação partidária, PT e PSB ainda não chegaram a um acordo no estado de São Paulo. Após reunião entre Gleisi Hoffmann e Carlos Siqueira, presidentes das duas siglas, nesta quinta-feira (20), ambos expressaram o desejo de lançar uma candidatura única ao Palácio dos Bandeirantes.

O PT trabalha com o nome do ex-prefeito Fernando Haddad, enquanto o PSB tem como pré-candidato o ex-governador Márcio França. O próprio França esteve na reunião e disse a jornalistas que quer ser candidato, mas que pesquisas de intenção de voto (levando em consideração o melhor posicionado) poderiam ser um critério para definir quem será o nome único a concorrer com o apoio dos dois partidos.

Segundo Gleisi e Siqueira, o impasse em São Paulo será discutido nas próximas semanas, quando suas duas siglas estabelecerão um calendário para debater as alianças estaduais.

"Vamos fazer as conversas políticas com os estados. Temos que fazer um esforço de composição. Vamos marcar uma reunião para debater São Paulo. O PT entende que a candidatura do Haddad é essencial.  O PSB entende que a candidatura do Márcio é importante. São dois quadros políticos com experiência de gestão. Com respeito entre nós, temos que chegar num denominador", disse a presidenta do PT em coletiva de imprensa ao final da reunião.

Gleisi ainda afirmou que pretende convidar o PSOL, que tem Guilherme Boulos como pré-candidato no estado, a se unir a PT e PSB. "Temos que unificar a centro-esquerda em São Paulo", atestou.

Carlos Siqueira, por sua vez, afirmou que a aliança não pode se dar por razões "matemáticas", em referência ao critério de pesquisas citado por França. "Nós devemos ter a consciência que, antes do entendimento eleitoral, tem que existir o entendimento político. Vamos apoiar o PT em alguns estados por uma razão política e esperamos que o PT nos apoie por essa mesma razão", pontuou.

O presidente do PSB, apesar de sinalizar que espera um apoio do PT a Márcio França em São Paulo, ponderou que essa discussão ainda será aprofundada e que o objetivo dos dois partidos é ter uma candidatura única.

"O que se cogitou é a unidade das forças da esquerda em São Paulo em torno de uma das candidaturas. E ambas são importantes. Não estamos discutindo a hipótese de não dar certo. Queremos que dê certo e vamos trabalhar por isso", disse.

As últimas pesquisas de intenção de voto para o governo de São Paulo mostram a liderança de Geraldo Alckmin (sem partido). O ex-tucano, no entanto, é cotado para ser candidato a vice na chapa liderada por Lula (PT) à presidência. Sem Alckmin no páreo, Haddad aparece na frente, mas França também apresenta competitividade, despontando em segundo lugar.

Na mesma coletiva, Siqueira disse ainda que "tudo indica" que Alckmin se filiará ao PSB e que "pode ser" candidato a vice-presidente na chapa de Lula.

Alianças em outros estados

O presidente do PSB, Carlos Siqueira, já havia afirmado que seu partido deve apoiar Lula (PT) na corrida à presidência. Os dois partidos, no entanto, ainda negociam alianças nos estados.

Na reunião desta quinta-feira (20), segundo Gleisi informou à Fórum, ficou definido que as legendas se reunirão na próxima quinta-feira (27) para fechar um acordo sobre a aliança em Pernambuco. Apesar do PT pernambucano ter aprovado a pré-candidatura do senador Humberto Costa (PT-PE) ao governo do estado, Gleisi afirmou na saída da reunião que o PSB terá prioridade na escolha do candidato, apesar de este nome ainda não ter sido definido.

“Em relação a Pernambuco, sempre tivemos compreensão que compete ao PSB a indicação. O nome de Humberto foi colocado pela ausência de candidaturas”, disse a dirigente petista na saída da reunião.

Após o encontro, Carlos Siqueira, através das redes sociais, afirmou que o PSB já decidiu apoiar candidaturas do PT em 4 estados: Bahia (Jaques Wagner), Sergipe (Rogério Carvalho), Piauí (Rafael Fonteles) e Rio Grande do Norte (Fátima Bezerra). Além disso, a legenda oferecerá palanques ao PT em Alagoas e no Maranhão.

“Vamos iniciar com o PT uma rodada de reuniões nos Estados para aprofundar o debate sobre os nomes aos governos estaduais”, disse Siqueira.

O PT, por sua vez, deve apoiar candidatos do PSB, além de Pernambuco, no Rio de Janeiro (Marcelo Freixo) e Espírito Santo (Renato Casagrande).

As duas legendas, nas próximas semanas, devem também tentar um acordo para o Rio Grande do Sul, onde o PT trabalha com a pré-candidatura de Edegar Pretto e o PSB a de Beto Albuquerque.