Primeiro delator da Operação Zelotes afirma ter sido obrigado a falar para liberar bens e valores

Cortez afirmou, através de email que, se não firmasse a tratativa, só teria seus bens liberados no final dos processos, o que aconteceria “entre uns 15 a 20 anos”

Foto: Reprodução Rede Globo
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O advogado, ex-auditor fiscal e e ex-conselheiro do Carf, Paulo Roberto Cortez, primeiro delator da Operação Zelotes, afirmou que foi “obrigado a fazer uma delação premiada” para que seus bens e valores fossem desbloqueados. A declaração foi dada através de um e-mail escrito por ele em 22 de abril, ao qual a coluna de Bela Megale, no Globo, teve acesso. Nele, Cortez escreveu que, se não firmasse a tratativa, só teria seus bens liberados no final dos processos, o que aconteceria “entre uns 15 a 20 anos”. “Fui obrigado a fazer uma delação premiada, porque, caso contrário, meus bens e valores (todos devidamente declarados e registrados), estariam ainda presos e sem possibilidade de eu os utilizar. Foi esse o negócio que tive com a Procuradoria da República, fazer a delação premiada (para eles se promoverem pelo “Brilhante Acordo”), ou então eu somente teria meus bens liberados ao final de todos os processos, o que seria entre uns 15 a 20 anos”, escreveu. Cortez disse ainda que, após entregar os documentos da delação, apareceu em “todos os noticiários como se fosse um criminoso, alguém que participou dessas atividades irregulares”, o que, segundo Cortez, não é verdade. Ela também destacou que o Tesouro Nacional teve “enorme economia com o meu procedimento” e que se tivesse ficado calado a "União teria tido um enorme prejuízo com o provimento a todos os recursos voluntários pelo Carf”. No entanto, salienta que com o silêncio não teria tido processos contra si. A operação Zelotes apura irregularidades do Carf, órgão que funciona como um tribunal da Receita Federal ao qual empresas recorrem sobre multas que receberam. Cortez foi conselheiro do Carf e firmou seu acordo há dois anos com a Procuradoria da República do Distrito Federal, que investiga o caso. Procurada pela coluna, a força-tarefa de procuradores de Zelotes disse em nota que a colaboração foi “espontânea” e “sem qualquer tipo de pressão”. Afirmou ainda que “foi procurada pelo senhor Paulo e pelo advogado dele para fazer a delação, e não o contrário”.