PSB aciona STF para obrigar retomada de vacinação de adolescentes

"Não suportamos mais ver brasileiros morrendo por conta da insanidade de Bolsonaro", disse o deputado Alessandro Molon

Alessandro Molon - Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados
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O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) anunciou nas redes sociais neste sábado (18) que o PSB acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) contra decisão do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de suspender a vacinação de adolescentes sem comorbidades. Queiroga anunciou a medida após pressão do presidente Jair Bolsonaro.

"Nós, do PSB, acionamos o STF para retomar a vacinação de adolescentes entre 12 e 17 anos, suspensa pelo Min. da Saúde graças à pressão de Bolsonaro. A melhora no cenário epidemiológico se deu pelo avanço da vacinação, e precisamos garantir que continue", anunciou Molon.

"Trata-se de proteger a vida dos adolescentes e de toda a população. Não suportamos mais ver brasileiros morrendo por conta da insanidade de Bolsonaro. Vacinas são, comprovadamente, seguras!", completou.

Suspensão da vacinação

A suspensão foi anunciada pelo ministro Marcelo Queiroga na quinta-feira (16). Como justificativa, o ministro usou a notícia da morte de um jovem em São Paulo que se imunizou com dose da Pfizer. No entanto, na sexta-feira, se confirmou que não havia qualquer relação do óbito com o imunizante.

Marcelo Queiroga e o presidente Jair Bolsonaro aproveitaram a situação para propagar suas teses negacionistas infundadas e fazer terrorismo psicológico com pais e adolescentes. Durante live realizada na quinta-feira, Queiroga deu a entender que isso se deu após conversa com Bolsonaro.

Segundo informações do portal O Antagonista, Bolsonaro teria cobrado o ministro depois de escutar argumentos antivacina da ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel na Jovem Pan.

Críticas a Queiroga

A conversa entre Bolsonaro e Queiroga reforça aquilo que o infectologista Marcelo Caseiro disse à Fórum ao analisar a situação, na quinta-feira. “A questão é muito simples: esse ministro Queiroga é um capacho. Aliás, todos eles, porque para ser ministro desse governo só sendo um serviçal, capacho do Bolsonaro. Além disso, ele é desqualificado em termos científicos. Será que não tem um ser pensante nesse ministério?”, afirmou.

Caseiro criticou a suspensão reforçando que “a vacina é um projeto coletivo”. “Você tem que vacinar um número x para ter imunidade coletiva. Se você não vacinar os jovens, ainda que esteja correto que seja menos letal entre jovens, o vírus vai ficar circulando nessa população e volta a contaminar os adultos. A vacina tem como lógica diminuir o vírus circulante. Por isso, tem que vacinar todo mundo”, explicou.

À Fórum, o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde, fez uma avaliação similar à de Caseiro. Para ele, o que o Ministério vai fazer é parar a vacinação de adolescentes para pegar as vacinas que iriam para esse grupo e imunizar idosos com a terceira dose.“Ou seja, ele bloqueia a possibilidade de usar CoronaVac sem vacinas, deixando parcela da população vulnerável, para correr atrás da falta de planejamento”, afirmou. Padilha disse ainda que “desde o começo deveriam estar preparados para as doses de reforço”.

O coordenador do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Governo de São Paulo e ex-secretário do Ministério da Saúde, João Gabbardo, também reagiu. Em entrevista à jornalista Daniela Lima, da CNN Brasil, Gabbardo afirmou que ficou “chocado” e disse ainda que a postura do ministro serve a um “plano sórdido para desmoralizar as vacinas”.