Corrupção: PSOL vai ao Conselho de Ética pela cassação de Ricardo Barros, líder do governo Bolsonaro

Barros (PP-PR) foi apontado pelos irmãos Miranda, em depoimento à CPI, como envolvido na negociação com indícios de corrupção para a compra da vacina indiana Covaxin

Ricardo Barros e Jair Bolsonaro (Reprodução/Instagram)
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A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados protocolou junto ao Conselho de Ética da Casa, nesta quinta-feira (1), uma representação pedindo a cassação do mandato do líder do governo Bolsonaro, deputado Ricardo Barros (PP-PR).

O motivo é o fato de Barros ser apontado como o elo entre o governo e a negociação com inúmeros indícios de corrupção para a compra da vacina indiana Covaxin. A denúncia sobre as irregularidades na compra do imunizante foi feita na última semana pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF) em depoimento à CPI do Genocídio. Segundo ele, quando levou a Jair Bolsonaro, em março, os indícios de corrupção da compra da Covaxin, o presidente afirmou que seria “coisa” do líder do governo na Câmara: Ricardo Barros. Bolsonaro, no entanto, nada fez com relação às denúncias de irregularidades.

Os indícios são de que o contrato para a compra da vacina teria sido superfaturado e que Ricardo Barros estaria diretamente envolvido nas negociações com a Precisa, empresa que intermedia a venda do imunizante indiano ao governo brasileiro.

"Os indícios de participação do líder do governo no possível superfaturamento de vacina e no possível envolvimento com empresas privadas com relações espúrias na comercialização de vacinas, em um cenário de escassez de vacinas, precisam ser investigados", afirmou, em coletiva de imprensa, a líder da bancada do PSOL, Talíria Petrone (RJ).

Além dos deputados psolistas, assinaram a representação contra Barros a deputada Joênia Wapichana (Rede-RR) e o deputado Túlio Gadêlha (PDT-PE).

Por suposto envolvimento de Barros, Líder do PT que paralisar votações na Câmara

Na última sexta-feira (25), após a revelação de que o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), é o nome citado por Jair Bolsonaro como envolvido na compra com indícios de corrupção da Covaxin, o líder do PT, deputado Elvino Boh Gass (PT-RS), informou à Fórum que vai articular com outras lideranças para paralisar todas as votações na Casa.

“Se o Bolsonaro sabia que tinha maracutaia, se não fez nada, se manteve o Barros, então, tudo está suspeito. Como que nós vamos votar orientados por suspeitos de corrupção? A Câmara não pode aceitar ser orientada em suas votações por suspeitos de fraude”, disse Bohn Gass.

“Eles [Barros e Bolsonaro] sabiam, participaram [das negociações suspeitas para a aquisição da Covaxin] e estão suspeitos. Chega de passar a boiada”, completou o líder do PT.

Indícios de corrupção

O aval para a compra da vacina foi dado por Jair Bolsonaro que, no início do ano, aprovou a compra do imunizante a um valor 1.000% maior que preço inicialmenteanunciado pelo fabricante. A Covaxin foi a única vacina que teve um intermediário – a Precisa Medicamentos – na negociação, e o agente governista envolvido no esquema, segundo depoimento dos irmãos Miranda, seria Ricardo Barros.

Um telegrama da embaixada brasileira em Nova Délhi mostra que, quando lançada, a vacina produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech custava 100 rúpias ou cerca de 1,34 dólares a dose. Em fevereiro desse ano, sob pressão de Bolsonaro, a Precisa Medicamentos fechou a compra para o Ministério da Saúde pelo valor de 15 dólares a unidade. Ao mesmo tempo, o governo federal rejeitou a compra da vacina da Pfizer a 10 dólares alegando preço muito alto.

Em depoimento ao Ministério Público, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda diz ter sofrido pressão “atípica” para garantir a importação da vacina, sendo acionado por diversos superiores, inclusive aos finais de semana. A pressa no fechamento da negociação também impressionou o MP, que investiga o contrato suspeito. O período entre a negociação e a assinatura do contrato para aquisição da Covaxin levou 97 dias. O do imunizante da Pfizer demorou 330 dias, o prazo mais longo entre todas as vacinas.

Bolsonaro teria, inclusive, sido alertado pelo deputado federal e ex-aliado Luis Miranda (DEM-DF), irmão do servidor do Ministério da Saúde, sobre os indícios de corrupção na compra do imunizante, tendo apresentado documentos que reforçariam as suspeitas. O presidente, no entanto, nada fez para investigar o caso.