"Quando foi que se tornaram fascistas?", pergunta ex-vizinha da família Bolsonaro em redes sociais

O relato de uma ex-vizinha da família Bolsonaro está viralizando nas redes sociais. Em um extenso depoimento em seu perfil no Facebook, Mariana Ribeiro fala da convivência com a família Bolsonaro durante a infância, quando moravam no mesmo prédio no Bairro da Tijuca, zona Norte do Rio de Janeiro.

Filhos de Bolsonaro posam para foto quando eram mais novos (Flickr/Família Bolsonaro)
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O relato de uma ex-vizinha da família Bolsonaro está viralizando nas redes sociais. Em um extenso depoimento em seu perfil no Facebook, Mariana Ribeiro fala da convivência com a família Bolsonaro durante a infância, quando moravam no mesmo prédio no Bairro da Tijuca, zona Norte do Rio de Janeiro. Ela fala especialmente das lembranças de convívio com os filhos do hoje candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro. "Convivi por muitos anos com seus filhos Flávio, Carlos (Carluxo) e Eduardo (Duda) - que hoje ocupam cargos políticos", afirma Mariana que, em determinado momento do texto, indaga: "Hoje, efetivamente, não sei o que faria se estivesse no mesmo elevador que Jair Bolsonaro. Ou Flávio. Ou Carlos. Ou Eduardo. Talvez surgisse uma vontade imensa de perguntar: 'O que aconteceu? Vocês sempre foram assim? Quando foi que se tornaram fascistas?'” Em seu relato, ela conta que, em 2001, chegou a entrevistar Carlos Bolsonaro - eleito o vereador mais jovem do Rio, com 17 anos, e que hoje está em seu quarto mandato na Câmara carioca, aos 32 anos - para um trabalho na escola. "Foi a primeira e a única vez em que eu entrei no 503 (NR: apartamento da família Bolsonaro), com um gravador na mão e uma fita cassete reserva no bolso, pra caso a entrevista se estendesse. Do conteúdo eu lembro pouco, mas guardei o que ele dizia sobre a necessidade de se esterilizar a população mais pobre - 'vasectomizar os homens, ligar as trompas das mulheres'. Isso sim, na visão dele à época, resolveria a questão da pobreza." Mariana fala ainda do convívio com "Duda", o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), que, segundo ela, "tinha o cabelo do Nick Carter (loirinho, de tijela), andava de Reef, tinha um estilo skatista/surfista". Segundo ela, é fácil detestar Jair Bolsonaro com base na figura pública que ele é hoje. "O difícil pra mim é saber que eu não o detestei desde sempre. Que, aliás, talvez tenha até gostado dele e dos filhos dele em alguma medida, mesmo que seja na medida mínima de pessoas que moram no mesmo prédio que você e você cumprimenta no elevador". Mariana diz que não vê exageros na comparação entre um pretenso governo Bolsonaro e o regime do ditador alemão, Adolf Hitler. "Se você aprofundar a discussão mais um pouquinho, vai ver que não estamos tão longe. Somos um dos países que mais matam mulheres, LGBTs e negros no mundo. Curiosamente os “cidadãos de bem” não morrem na mesma proporção - mas estão convencidos de que o fascismo e a barbárie podem ser um preço justo para que eles possam se proteger (da crise financeira, da violência, da corrupção)". Ao final, ela lança uma reflexão. "Ainda não sei em que momento os fascistas se tornam fascistas. Mas eu sei o momento em que isso se traduz em barbárie: quando chegam ao poder". E deixa o recado, de quem conhece há tempos a família Bolsonaro: "Se você não tiver um pingo de humanidade correndo pelas veias, se não puder aprender em nada com a História, não adianta nem correr: você não vai entrar nesse elevador".