Washington Quaquá, um dos vice-presidentes do PT, reafirmou a crítica que fez à ex-presidenta Dilma Rousseff durante participação no Jornal da Fórum desta terça-feira (4) e reclamou da reação que recebeu do Setorial de Mulheres do PT. No entanto, Quaquá ressaltou que a crítica se restringe à questão eleitoral e não diretamente à ex-presidenta, negando que tenha sido desrespeitoso.
"Longe de mim ser desrespeitoso com a presidenta Dilma. Ela é uma figura séria, que tem uma história na esquerda brasileira. Foi uma presidenta injustiçada, que sofreu um golpe institucional quando a direita brasileira rompeu o pacto constitucional de 1988. Mas, não falei nenhuma mentira. Me perguntaram se ela teria relevância na campanha do Lula e eu disse que não, pois ela não tem mais relevância eleitoral. E o Brizola, que é impar da História do Brasil terminou sua carreira política com pouca relevância eleitoral. Então essa questão é de constatação, basta fazer pesquisa. Não fui desrespeitoso. A política não é só eleição, mas em termos eleitorais não vejo como ela pode contribuir com uma figura eleitoralmente grande como a de Lula", afirmou.
Além disso, o ex-prefeito de Maricá (RJ) afirmou que "a outra que disse é que ela tratou de forma precária nossa base no Congresso".
"Nós deixamos que Eduardo Cunha ganhasse as eleições contra nós. Nós não soubemos manejar a situação política no Congresso. Foi a crítica que fiz", afirmou ao jornalista Miguel do Rosário no Jornal da Fórum.
Na sequência, o dirigente petista reagiu à dura nota publicada pela Secretaria Nacional de Mulheres do PT sobre o episódio. Para a secretaria, a “régua” usada para dizer que Dilma é irrelevante não é usada para homens da legenda e apontam que o argumento da “irrelevância” é historicamente usado para obstaculizar a participação de mulheres na política.
"O setorial de Mulheres do PT veio soltar uma nota dizendo que era misoginia. O movimento de Mulheres precisa estar nas favelas, nas comunidades, organizando as mulheres que precisam de salário, de emprego, de creche, e não entrar na luta política. Onde já se viu fazer crítica virar misoginia? Fizeram o escarcéu que fizeram... Tentaram tirar a minha voz", declarou Quaquá.
Pacto para além da existência
Na entrevista, Quaquá ainda defendeu a construção de uma frente ampla por Lula para as eleições de 2022.
"A burguesia brasileira, uma parte grande é vagabunda, não vale nada. Vive da exploração do trabalho desde que os portugueses chegaram. Mas, no mundo você tem gente mais civilizada. Então, se a gente quer construir um projeto socialista e democrático no Brasil, nós temos que ver que isso é um processo de longo prazo e a gente precisa fazer alianças, inclusive com setores da burguesia para que a gente tenha um processo longo de mudança social. Eu tenho defendido que o Lula faça um pacto para além da sua própria existência biológica, um pacto de 30 anos", disse.
Reportagem atualizada às 11h03 do dia 05/01//2021