Quem é Paulo Tonet, vice-presidente da Globo que Bolsonaro chama de inimigo em áudio para Bebianno

Lobista da Globo em Brasília, o executivo chegou a se reunir com diversos integrantes do primeiro escalão do governo, o que irritou o presidente

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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Um dos pivôs da crise que culminou com a queda do ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, é o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet Camargo. Ele funciona como uma espécie de lobista da Globo em Brasília. Por isso, o executivo se reuniu com vários integrantes do primeiro escalão do governo, o que deixou Bolsonaro bastante irritado, pois o presidente, em um trecho dos áudios “explosivos”, veiculados pela Veja, chama a Globo de ‘inimiga”. “Gustavo, o que eu acho desse cara da Globo dentro do Palácio do Planalto: eu não quero ele aí dentro. Qual a mensagem que vai dar para as outras emissoras? Que nós estamos se aproximando da Globo. Então não dá para ter esse tipo de relacionamento. Agora… Inimigo passivo, sim. Agora… Trazer o inimigo para dentro de casa é outra história. Pô, cê tem que ter essa visão, pelo amor de Deus, cara. Fica complicado a gente ter um relacionamento legal dessa forma porque cê tá trazendo o maior cara que me ferrou – antes, durante, agora e após a campanha – para dentro de casa. Me desculpa. Como presidente da República: cancela, não quero esse cara aí dentro, ponto final”, declara Bolsonaro. Tonet, no entanto, já teria se reunido com outros integrantes do chamado núcleo duro do governo. Desde janeiro, o lobista teria se encontrado com os generais Augusto Heleno e Santos Cruz, além de Onyx Lorenzoni. A reunião com Bebianno acabou cancelada. Prioridade Bolsonaro se aproximou da TV Record no período de a campanha. Mesmo depois de assumir a presidência, a emissora do bispo Edir Macedo vem tendo prioridade na cobertura jornalística do governo e na relação com a família. A briga de Bolsonaro com a TV Globo se aprofundou com a divulgação de um projeto que tem o objetivo de acabar com a chamada Bonificação por Volume, ou BV, que paga comissão às agências de publicidade que escolham a Globo como destinatária dos recursos dos clientes. Poder O poder de Paulo Tonet e sua penetração nos bastidores políticos em Brasília não são fatos recentes. Em 2017, depois do furo de reportagem de O Globo sobre o envolvimento de Michel Temer em crimes como obstrução de justiça e corrupção passiva, o jornalismo da Globo tomou posição, inicialmente, por fortalecer as denúncias contra o emedebista. De acordo com reportagem de Daniel Fonsêca, da Carta Capital, em um domingo de Brasília, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), logo depois de conversar com Temer, foi a uma residência no Lago Sul, para participar de um almoço. Era a residência de Paulo Tonet. A informação, veiculada pela Folha de S.Paulo, é que Maia estava acompanhado de outros cinco políticos, todos de partidos da base aliada de Temer, inclusive o então ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho. Abert Em meados da década de 1990, um executivo da Globo era conhecido em Brasília como “Senador Evandro”, tal era seu podr no cenário político da capital federal. Tratava-se de Evandro Guimarães, que ocupava na época o mesmo cargo que hoje é de Paulo Tonet, dono da casa no Lago Sul. Além de lobista oficial do grupo, Tonet acumula a presidência da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). Tornou-se figura recorrente entre as principais negociações em torno de decisões políticas e econômicas envolvendo o Executivo, o Congresso e mesmo o Supremo Tribunal Federal (STF), onde a Abert tem conseguido vitórias importantes para alterar leis e normas regulatórias às quais se opõe, como a Classificação Indicativa. Currículo Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais e pós-graduado em Direito Público, Tonet iniciou sua vida profissional como advogado em Porto Alegre, em 1982. Em 1986, ingressou no Ministério Público do Rio Grande de Sul, onde atuou como promotor, procurador de Justiça e subprocurador-geral de Justiça do Estado. Presidiu a Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul. No Ministério da Justiça, foi presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária e diretor do Departamento Penitenciário Nacional, de 1995 a 1997. Em 1998, ingressou no Grupo RBS, onde foi diretor-geral em Brasília e vice-presidente jurídico e institucional. Em 2011, desligou-se da RBS para assumir o cargo de vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo.

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