Relatório da PF embasou desmonetização de sites bolsonaristas

O documento afirma que a rede bolsonarista replica manobra atribuída a Steve Bannon, que foi estrategista de Donald Trump nas eleições de 2016

Jair Bolsonaro e Allan dos Santos (Reprodução)Créditos: Presidência da República
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De acordo com relatório da Polícia Federal (PF) enviado na semana passada ao ministro Luís Felipe Salomão, corregedor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), páginas bolsonaristas teriam usado as redes sociais para promover ataques e desinformação sobre as urnas eletrônicas.

A Polícia Federal sugere que, para enfrentar o fenômeno, o tribunal deve chamar à mesa representantes das plataformas de redes sociais e proibir a monetização de conteúdo político-ideológico. Depois disso, Salomão determinou a suspensão imediata de subsídios financeiros a uma lista de páginas indiciadas na investigação.

Os canais afetados são: Adilson Nelson Dini – RAVOX, Allan dos Santos, Bárbara Zambaldi Destefani, Camila Abdo Leite do Amaral Calvo, Emerson Teixeira de Andrade, Fernando Lisboa da Conceição (Vlog do Lisboa), Folha Política, Jornal da Cidade On Line, Marcelo Frazão de Almeida, Nas Ruas, Oswaldo Eustáquio, Roberto Boni – Canal Universo e Terça Livre.

A suspensão da monetização destes canais nas redes YouTube, Twitter, Facebook, Instagram e Twitch foi solicitada pela Polícia Federal, que investiga ataques ao sistema eleitoral.

Estratégia de Trump

O documento afirma que a rede de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) replica uma manobra atribuída a Steve Bannon, que foi estrategista do ex-presidente americano Donald Trump nas eleições de 2016.?

O documento assinado pela delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro afirma:

“Quanto mais polêmica e afrontosa às instituições for a mensagem, maior o impacto no número de visualizações e doações, reverberando na quantidade de canais e no alcance do maior número de pessoas, aumentando a polarização e gerando instabilidade por alimentar a suspeição do processo eleitoral, ao mesmo tempo que promove a antecipação da campanha de 2022 por meio das redes sociais.”

A delegada foi a responsável pelas apurações sobre os atos antidemocráticos realizados em abril do ano passado e comanda a equipe de investigação do inquérito das fake news.

A Polícia Federal diz ainda que o discurso reproduzido, via de regra, é falso ou tem apenas ‘fragmentos da verdade’. “Esta rede pretende, entre outros objetivos, diminuir a fronteira entre o que é verdade e o que é mentira”, diz o relatório.

 “A prática visa, mais do que uma ferramenta de uso político-ideológico, um meio para obtenção de lucro, a partir de sistemas de monetização oferecido pelas plataformas de redes sociais. Transforma rapidamente ideologia em mercadoria, levando os disseminadores a estimular a polarização e o acirramento do debate para manter o fluxo de dinheiro pelo número de visualizações”, diz outra parte do documento.

Com informações da coluna de Fausto Macedo no Estadão