Relatórios de inteligência enviados a Flávio Bolsonaro orientaram uso de ministérios na defesa do caso Queiroz

Documentos teriam sido enviados por Alexandre Ramagem, da Abin. Relatório orienta advogada do senador a "tomar um cafezinho" com secretário da Receita

Foto: Jane de Araújo/Agência Senado
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Os relatórios de inteligência que teriam sido produzidos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com orientações para a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) sobre o caso Queiroz recomendaram o uso de ministérios na obtenção de documentos e demissão de servidores da Receita.

A íntegra dos documentos foi divulgada nesta sexta-feira (5) pela revista Época. Em uma das mensagens, enviada ao WhatsApp de Flávio no dia 20 de setembro, há a recomendação para que uma das advogadas de Flávio visite José Tostes Neto, secretário da Receita, para "tomar um cafezinho".

“A advogada Dra. Juliet (provável referência a Juliana Bierrenbach, advogada da defesa) deve visitar o Tostes, tomar um cafezinho e informar que ajuizará a ação demandando o acesso agora exigido”, diz o relatório.

A segunda mensagem, de 8 de outubro, explícita sobre o propósito do relatório: “Defender FB no caso ALERJ demonstrando a nulidade processual resultante de acessos imotivados aos dados fiscais de FB”. O documento também orienta a demissão de servidores da Receita e o uso de ministérios para obtenção de documentos que poderiam auxiliar na defesa.

A advogada de Flávio, Luciana Pires, chegou a confirmar à coluna que os documentos foram enviados ao senador por Alexandre Ramagem. O diretor da Abin, por sua vez, nega relação com os relatórios.

Em dois meses que o caso veio à tona, a investigação ainda não se dirigiu nem a Flávio nem à advogada Luciana Pires, apenas solicitou os documentos obtidos na investigação jornalística.

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