Ricardo Barros diz que não sabe se Bolsonaro vai aceitar resultado da eleição

Líder do governo ainda ameaçou dizendo que TSE "vai pagar o preço" por não ter negociado um "meio termo" do voto impresso com a Câmara

Bolsonaro e Barros - Foto: Reprodução
Escrito en POLÍTICA el

Apontado pela CPI do Genocídio como pivô no esquema de corrupção de vacinas no Ministério da Saúde, o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo que não sabe se o presidente vai aceitar o resultado da eleição em 2022.

Jair Bolsonaro vem insistindo na tese - sem provas - de fraude eleitoral já temendo uma derrota no próximo pleito. Dentro desta narrativa, faz a defesa do voto impresso, que foi derrotado na Câmara esta semana.

Questionado sobre o assunto, Ricardo Barros fez uma ameaça velada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo fato do órgão não ter acordado um "meio termo" com os deputados em prol da aprovação da proposta do voto impresso.

"O TSE perdeu a oportunidade de fazer uma mediação, através do presidente Lira ou do senador Ciro, para chegar a um meio-termo e encerrar o assunto. Eles quiseram manter o assunto, vão pagar o preço", disparou.

Sobre a possibilidade de Bolsonaro não reconhecer o resultado das urnas, Barros disse: "Não sei, vamos ver até o ano que vem. Tem muita coisa para acontecer até lá".

Alertado pela reportagem que "isso seria algo muito grave", o líder do governo jogou a culpa no TSE. "Mas isso é uma possibilidade que o TSE deveria ter ponderado quando quis mostrar força, pressionando os partidos para vencer a votação no Congresso Nacional", declarou.

Fake news eleitoral gera inquéritos contra Bolsonaro

O ministro do STF Alexandre de Moraes, na última semana, atendeu a um pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e decidiu incluir o presidente Jair Bolsonaro no inquérito das fake news, que está em vigor desde 2019.

O motivo são os ataques constantes e as mentiras divulgadas pelo chefe do Executivo sobre o sistema eleitoral brasileiro. Bolsonaro promoveu recentemente uma live contra as urnas eletrônicas sem apresentar prova alguma com o único objetivo de espalhar boatos e difamar a Justiça Eleitoral.

Os ministros do TSE, por unanimidade, então, decidiram acionar o STF para incluir a live no inquérito das fake news, relatado por Moraes.

Agora Bolsonaro passará a ser investigado no âmbito criminal pela Corte e, após a conclusão da apuração, o presidente pode se tornar inelegível.

Além de pedir ao STF para incluir Bolsonaro no inquérito das fake news, o TSE decidiu, também por conta da live de Bolsonaro contra as urnas, abrir uma investigação própria contra o presidente.

O plenário do TSE atendeu a um pedido do corregedor-geral do TSE, Luis Felipe Salomão, e determinou a abertura de um inquérito administrativo para “apurar fatos que possam configurar abuso do poder econômico e político, uso indevido dos meios de comunicação, corrupção, fraude, condutas vedadas a agentes públicos, propaganda extemporânea, relativamente aos ataques ao sistema eletrônico de votação e à legitimidade das Eleições de 2022”.

Em 21 de julho, Salomão deu prazo para Bolsonaro apresentar provas das suas alegações até esta segunda-feira – o que não foi feito. “Considerando o teor das manifestações que sugerem haver inconformidades no processo eleitoral, oficie-se às autoridades que as tenham produzido para que apresentem, no prazo de 15 dias, evidências ou informações de que disponham, relativas à ocorrência de eventuais fraudes ou inconformidades em eleições anteriores”, dizia o ofício.