Ricardo Salles diz que desmatamento da Amazônia está “aquém do esperado”

Salles justificou o desmatamento como solução para combater a criminalidade. De acordo com ele, é preciso dar “desenvolvimento sustentável e econômico” para a região e a população que nela vive

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou, nesta terça-feira (19), em entrevista ao Jornal da Manhã da Rádio Jovem Pan, que os dados sobre o desmatamento na Amazônia divulgados nesta segunda-feira pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de 29,5% – ficaram “muito aquém do esperado”. Dados divulgados nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam que a área desmatada na Amazônia foi de 9.762 km² entre agosto de 2018 e julho de 2019, um aumento de 29,5% em relação ao período anterior (agosto de 2017 a julho de 2018) que teve 7.536 km² de área desmatada. O ministro, no entanto, considera que os dados não são tão ruins assim: “primeiro, preciso colocar os números no seu devido lugar. Nós estamos muito abaixo do recorde do desmatamento, ao contrário do que saiu em alguns meios de comunicação, o recorde de desmatamento é de 28 mil km2, e agora estamos falando de 9.700 km2, portanto é praticamente um terço do que foi o recorde de desmatamento. Em segundo lugar, o aumento do desmatamento que nós estamos verificando vem, na verdade, de 2012 em diante”, confrontou. Os números são do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), considerado o mais preciso para medir as taxas anuais, e mostram que desde 2008, quando o Prodes marcou 12.911 km², não se via tamanha destruição na Amazônia. O Estado onde o desmatamento mais aumentou foi o Pará, onde bolsonaristas promoveram no mês de agosto o chamado “Dia do Fogo”. Os dados também representam um aumento anual de 11,4% desde a menor taxa, registrada em 2012, quando o desmatamento havia caído para 4.571 km². Salles justificou o desmatamento como solução para combater a criminalidade. De acordo com ele, é preciso dar “desenvolvimento sustentável e econômico” para a região e a população que nela vive. “Os 20 milhões de brasileiros que estão lá, ou mais, precisam ter uma atividade econômica para ter renda, para ter emprego, para poder sustentar a si próprios e seus familiares. Se não melhorarmos a qualidade de vida de quem está lá, elas vão para as atividades ilegais”, afirmou, acrescentando que as operações de fiscalização e controle “são importantes, mas não resolvem o problema”.