Samuel Guimarães: fora Meirelles, o inimigo do povo!

26/06/2017- Brasília - DF, Brasil- Cerimônia de Sanção da Lei que Regulamenta a Diferenciação de Preço. Foto: Beto Barata/PR/FotosPúblicas
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O embaixador aposentado e ex-secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, mostra em artigo que a verdadeira batalha é contra o ministro Henrique Meirelles e suas medidas pró-mercado e contra o povo   Por Samuel Pinheiro Guimarães    Foto: Beto Barata/PR/FotosPúblicas   O senhor Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, ex-presidente do Bank of Boston e durante vários anos presidente do Conselho da J&F (de Joesley), de onde saiu para ocupar o Ministério da Fazenda, procura, à frente de uma equipe de economistas de linha ultraneoliberal, implantar no Brasil, na Constituição e na legislação uma série de “reformas” para criar um ambiente favorável aos investidores, favorável ao que chamam de “mercado”. O Senhor Henrique Meirelles já declarou, de público, que se o Presidente Temer “sair” ele continua e todos os jornais repetem isso, com o apoio de economistas variados e empresários, como o senhor Roberto Setúbal, presidente o Itaú. Estas “reformas” são, na realidade, um verdadeiro retrocesso econômico e político e estão trazendo, e trarão, enorme sofrimento ao povo brasileiro e grande alegria ao “mercado”. Enquanto crucificam o povo brasileiro e em especial os mais pobres, os trabalhadores e os excluídos, o debate político fica centrado na corrupção, desviando a atenção da classe média e dos moralistas em torno de uma verdadeira “novela” com heróis e bandidos. Discute-se se Michel Temer levou ou não “contribuições pessoais” e se foram 500 mil ou 20 milhões, a prazo. Se o senador Aécio Neves pediu uma propina ou um empréstimo (informal!!) de R$ 2 milhões. Se a J&F corrompeu quem e quantos ficaram livres de pena. Se o senhor Joesley merecia o perdão, se Sérgio Moro, juiz de primeira instância, é ou não a principal autoridade judiciária do país, acima da Lei. Se o ministro Marco Aurélio é justo; se o Ministro Gilmar Mendes é imparcial etc. etc. etc. O tema verdadeiramente importante é a tentativa das classes hegemônicas brasileiras, aqueles que declararam ao imposto de renda ganharem mais de 160 salários mínimos por mês (cerca de 160 mil reais) e que são cerca de 70 mil pessoas e que constituem, em seu conjunto, aquela entidade mística que os jornais e analistas chamam de “mercado”. O “mercado” contra o povo De um lado, o “mercado”:
  • os empresários, promotores do Pato e financiadores do MBL; exceto aqueles que já se deram conta que Meirelles é contra a indústria;
  • os rentistas;
  • os grandes proprietários rurais (entre eles o senador e ministro Blairo Maggi e o avião interceptado pela FAB);
  • os grandes proprietários urbanos;
  • os banqueiros (não os bancos) e seus lucros;
  • os gestores de grandes empresas privadas, modestos ex-professores universitários;
  • os proprietários dos meios de comunicação;
  • os grandes executivos brasileiros de megaempresas multinacionais;
  • os professores universitários, formados em universidades estrangeiras, em teorias próprias dos países desenvolvidos e que, mesmo lá, fracassam;
  • os economistas e os jornalistas econômicos, empregados do Mercado.
De outro lado, o povo:
  • os 53 milhões de brasileiros que recebem o Bolsa Família, isto é, cuja renda mensal é inferior a 182 reais;
  • as dezenas de milhões que são isentos do imposto de renda por terem renda inferior a 2.500 reais por mês.
  • os 61 milhões que estão inadimplentes, com seus crediários;
  • os 14 milhões de desempregados;
  • os 3 milhões de crianças fora da escola;
  • os mais de 11 milhões de habitantes de favelas (hoje chamadas comunidades!!);
  • os subempregados;
  • os 47 milhões que ganham menos de um salário mínimo por mês;
  • os milhões sem remédio e sem hospital.
O programa econômico de Henrique Meirelles é o verdadeiro inimigo do povo! Não é a corrupção que distrai a atenção da verdadeira catástrofe que está sendo consolidada na legislação através de um Congresso que representa principalmente empresários, banqueiros, proprietários rurais, rentistas, etc. O mercado agora deseja colocar um presidente de imagem limpa para que, como disse o senhor Roberto Setúbal, na Folha de S.Paulo, o importante são as reformas! Não importa quem as conduza! É preciso lutar com todas as forças contra esse programa de “retrocessos” disfarçados, cinicamente, de reformas a “favor” do Povo!