Sem resposta, PF levou duas semanas para agendar depoimento de Eduardo Bolsonaro

Após inúmeras tentativas de contato por meio de e-mails e visitas ao gabinete do deputado, que estava quase sempre fechado, PF agendou a oitiva por conta própria

Eduardo Bolsonaro (Foto: Lula Marques)
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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ignorou por quase duas semanas o pedido de depoimento da Polícia Federal no inquérito que apura a organização e financiamento de atos antidemocráticos realizados por bolsonaristas. Delegada enviou inúmeros e-mails ao filho do presidente desde o dia 1º de setembro, assim como ordenou visitas ao gabinete do deputado, que estava quase sempre fechado.

Sem resposta, a PF decidiu marcar o depoimento unilateralmente "considerando que quedaram frustradas as tentativas de agendamento de data, hora e local" com a defesa do parlamentar. A oitiva foi realizada na tarde desta terça-feira (22), mas a ideia inicial dos investigadores era ouvir Eduardo entre os dias 5 e 12 de setembro.

De acordo com reportagem do jornal Estado de S.Paulo, que teve acesso aos e-mails da PF, o primeiro contato foi feito por telefone com Eduardo Oliveira, assessor de Eduardo Bolsonaro, e registrado em e-mail enviado no dia 1º de setembro. A delegada Denisse pedia "a gentileza de indicar data e horário, entre 5 e 12 de setembro, em que terá disponibilidade para prestar declarações de interesse do inquérito".

E-mails semelhantes foram enviados nos dias 2, 3 e 4 de setembro, destacando as tentativas frustradas de resposta. Novos telefonemas também foram feitos com a defesa de Eduardo, que por sua vez reforçava que não havia recebido resposta formal sobre a data para a oitiva.

A delegada Denisse então decidiu enviar um ofício a Eduardo Bolsonaro. No entanto, somente no dia 9 encontraram o gabinete aberto. Segundo a PF, o assessor de Eduardo "informou que o parlamentar não se encontrava e se recusou a receber o expediente, pois teria que primeiramente conversar com o deputado". Quase uma semana depois, no dia 14, a delegada decidiu agendar a oitiva unilateralmente.

Além de Eduardo, Carlos Bolsonaro também foi intimado a prestar depoimento na PF. Os irmãos, entretanto, não estão entre os investigados e deram depoimentos na condição de testemunhas.

As investigações do STF sobre a realização de atos contra as instituições estão avançando e já é trabalhada a possibilidade dessas manifestações terem sido realizadas com esquemas ilegais de financiamento, que poderiam envolver bolsonaristas com cargos políticos, e até mesmo lavagem de dinheiro.