O presidente da Fundação Cultural Palmares, Sergio Camargo, resolveu criar um “Museu da Vergonha” na instituição, com obras que considera “vergonhosas e desviantes”.
“Não quero mais que livros marxistas e bandidólatras sejam doados, embora nada tenham a ver com nossa missão (cultura). Para montar o Museu da Vergonha, na nova sede da instituição, precisarei dos livros vergonhosos e desviantes. Eles são o legado do passado sombrio da Palmares,” escreveu em sua conta do Twitter.
Impedido pela Justiça
Sérgio Camargo foi impedido pela Justiça de retirar do acervo da instituição cerca de 300 livros. Ele queria censurar obras importantes e as classificava como “marxistas, bandidólatras, de perversão sexual e de bizzarias”.
A Justiça Federal do Rio de Janeiro o proibiu de doar livros que pertencem à fundação, de acordo com informações do blog de Lauro Jardim, em O Globo.
A decisão foi transmitida pela Procuradoria-Geral Federal da 2ª Região, que representa Camargo e a instituição, ao juiz Erik Navarro Wolkart, da 2ª Vara Federal de São Gonçalo.
O magistrado havia cobrado informações a respeito do caso, no mês de junho, e fixado multa de R$ 500 por cada livro que fosse retirada da fundação.
Entre as obras que escaparam da “degola”, estão um raro exemplar de “Almas mortas”, do escritor russo Nikolai Gógol; “Dicionário do folclore brasileiro”, de Luís da Câmara Cascudo; e escritos de Caio Prado Jr., Celso Furtado, Eric Hobsbawm, Karl Marx e Max Weber.