Sob comando de Moro, Polícia Federal tem o menor número de operações desde 2014

Os últimos meses têm sido marcados por tentativas de interferência de Bolsonaro na pasta do ministro

O ministro Sérgio Moro (Foto: Lula Marques)
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Apesar do presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) ter sido eleito no ano passado prometendo rigor no combate às atividades ilegais, sob o comando do ministro Sergio Moro (Justiça), a Polícia Federal fez no primeiro semestre deste ano a menor quantidade de operações desde 2014. O levantamento, divulgado pela Folha nesta segunda-feira (30), aponta que foram realizadas, entre janeiro e junho, apenas 204 ações, número mais baixo que o registrado nos nove semestres anteriores. No período entre 2009 e 2019, o pico de produtividade se deu no semestre imediatamente anterior ao de estreia de Moro no governo de Jair Bolsonaro. Foram 360 ações entre julho e dezembro de 2018 —1,9 por dia. Na primeira metade do ano passado, a PF fez 269 operações, média de 1,4 por dia, contra 1,1 entre janeiro e junho de 2019. Os resultados da atual gestão só ficam à frente dos registrados até o primeiro semestre de 2014 —quando houve 178 operações. Aquele ano marcou o início da Lava Jato, com maior ênfase de atuação da PF contra crimes do colarinho branco. Os últimos meses, no entanto, têm sido marcados por tentativas de interferência do presidente na pasta do ministro. Em agosto, Bolsonaro anunciou a troca do superintendente do órgão no Rio, Ricardo Saadi, disse ser ele "quem manda" na corporação e ameaçou substituir seu diretor-geral, Maurício Valeixo, da confiança de Moro. "Se eu trocar hoje [o diretor-geral], qual o problema? Ele é subordinado a mim, não ao ministro. Sou eu que indico, está na lei." A PF alega que vários fatores podem ter impactado seu desempenho, como a queda de 10% do efetivo policial na ativa desde 2016. E pondera que os números deste ano ainda refletem os resultados de investigações feitas em governos anteriores.  

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