TCU aponta ao STF possível conflito de interesse de Moro na Lava Jato

Tribunal pede acesso a mensagens para investigar a atuação do ex-juiz, que se tornou sócio da consultoria Alvarez & Marsal, administradora judicial das empresas do grupo Odebrecht

Sergio Moro (Foto: Lula Marques/Fotos Públicas)Créditos: Lula Marques
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A situação de Sérgio Moro se complica a cada dia. Agora foi o Tribunal de Contas da União (TCU) que apresentou, nesta terça-feira (2), pedido para ter acesso a mensagens gravadas de procuradores da Lava Jato e do próprio ex-juiz federal. Há suspeita de conflito de interesse por parte de Moro.

A solicitação foi feita na reclamação do ex-presidente Lula, após mensagens investigadas pela Operação Spoofing, de acordo com reportagem de Nathan Lopes, no UOL.

Ana Arraes, presidente do TCU, encaminhou documento ao ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), com a solicitação “em regime de cooperação, o compartilhamento das mensagens trocadas entre os procuradores do Ministério Público e o ex-juiz Sr. Sérgio Moro”.

O documento foi motivado por despacho do ministro Bruno Dantas, do TCU, que menciona a referência do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) a respeito da ocupação atual do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro.

Moro é sócio da consultoria Alvarez & Marsal, administradora judicial das empresas do grupo Odebrecht. Bruno Dantas é o relator da ação no Tribunal, que analisa a relação entre as três partes.

O MPTCU aponta, com base nas mensagens da Operação Spoofing, que “o ex-juiz teria orientado procuradores do Ministério Público Federal em questões relativas a informações constantes nos sistemas” da Odebrecht, investigada pela Lava Jato.

Indícios de irregularidades

Ainda de acordo com o MPTCU, poderia se caracterizar um “suposto conflito de interesse do agente que, em um primeiro momento, atuou em processo judicial com repercussões na esfera econômica e financeira da empresa e que, posteriormente, aufere renda, ainda que indiretamente, no processo de recuperação judicial para o qual seus atos podem ter contribuído”.

Dantas ratifica os questionamentos do MPTCU e afirma que “o teor dessas mensagens pode trazer valiosas informações para as apurações dos indícios de irregularidades. Soa deveras conflitante que, após ser investida na condição de administradora judicial das empresas do grupo Odebrecht, em 17/6/2019, a Alvarez & Marsal tenha incorporado ao seu quadro societário, em 30/11/2020, o ex-juiz Sérgio Moro”.

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