The Intercept: Guerrilheiros virtuais invadem e implodem no Whatsapp grupos de fake news pró Bolsonaro

Uma das táticas da guerrilha virtual, revelada por um dos grupos descobertos pela reportagem, é fingir que os membros são de extrema-direita, lançando no grupo argumentos ainda mais radicais do que habitualmente circulam

Bolsonaro e a fake news do Kit Gay, que foi levada ao ar no Jornal Nacional durante a campanha eleitoral (Arquivo)
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Reportagem de Amanda Audi nesta quinta-feira (25) no The Intercept Brasil revela que eleitores e grupos mobilizados nas redes sociais estão invadindo e implodindo grupos de Whatsapp que distribuem fake news pró Jair Bolsonaro. Segundo a reportagem, há iniciativas individuais, que começaram a partir do interesse de jovens em tirar os pais da toxicidade das redes bolsonaristas, e de coletivos que já desenvolveram técnicas para ganhar a confiança dos frequentadores, fazer com que um dos membros torne-se administrador e, por fim, implodir o grupo. Táticas de guerrilha Uma das táticas da guerrilha virtual, revelada por um dos grupos descobertos pela reportagem, é fingir que os membros são de extrema-direita, lançando no grupo argumentos ainda mais radicais do que habitualmente circulam. Um dos participantes, um bacharel em filosofia que mora em São Paulo e pediu para não ser identificado para não ser descoberto nos grupos, posta coisas como: “Bolsonaro não é só um político, ele é Melquisedeque, a presença do Senhor na Terra, o patriarca de uma nova geração de governantes”. Ou: “A Amazônia está pronta para receber o povo de Israel, meu pastor disse que aqui será a nova Jerusalém”. Ouve, como resposta, habitualmente, que está louco, que Bolsonaro não é Deus e nem poderia entregar a Amazônia a quem quer que fosse. Alguns ficam tão revoltados que saem do grupo. Segundo ele, o trabalho do grupo chega a afugentar uma média de 100 pessoas por semana de grupos que espalham fake news pró-Bolsonaro. Uma outra técnica desenvolvida é ganhar a confiança dos participantes, conquistar o posto de administrador e deletar o grupo. Ao receber o convite para entrar num grupo bolsonarista, um dos integrantes da equipe entra e começa a conversar, de modo amistoso, com os demais participantes. Com o passar dos dias, pessoa constrói uma imagem confiável no grupo. Nesse meio tempo, outros integrantes da trupe são chamados a entrar no grupo. Assim que se torna administrador, o infiltrado avisa os companheiros. É a senha para o grupo ser invadido e ter início um bombardeio de figurinhas (stickers) – geralmente depreciativas a Bolsonaro. Em seguida, o administrador infiltrado deleta todos os integrantes, matando o grupo. O “resultado”, claro, é muito pequeno se considerado o imenso universo de grupos do WhatsApp. “Mas é um trabalho que alguém precisa fazer. A gente sabe que é enxugar gelo. Mas algumas pessoas já deixaram de ser afetadas pela toxicidade desses grupos”, diz o auxiliar administrativo Fábio Alexandre, que vive em Brasília. Leia a reportagem na íntegra no The Intercept Brasil