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POLÍTICA
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Em artigo publicado na edição deste sábado (22) da Folha de S.Paulo, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) diz que "há boas razões para duvidar" que a mídia brasileira seja realmente a favor da liberdade de imprensa, ao comentar a reação dos grandes grupos de comunicação nacionais às reportagens divulgadas pelo site The Intercept sobre a Vaza Jato.
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"A imprensa brasileira é realmente a favor da liberdade de imprensa? Há boas razões para duvidar. O caso The Intercept, por duas graves circunstâncias, levanta dúvidas sobre a questão", relata Haddad.
Segundo o petista, há pelo menos dois bons motivos para duvidar. O primeiro deles diz respeito à ação direta de inconstitucionalidade movida pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) que pede que o artigo 222 da Constituição - que estabelece que brasileiros devem deter no mínimo 70% do capital das empresas de comunicação - seja estendido aos sites e blogs.
"É possível especular sobre o que a ANJ entende por isso, mas, nas condições locais, a afirmação mais parece um chiste freudiano. Não há nada mais uniforme no Brasil do que a linha editorial dos jornais. Em momentos decisivos, seus proprietários unem-se numa só voz "com vistas à formação da opinião pública", declara.
Para Haddad, a proposta revela que os conglomerados de mídia do Brasil querem tirar sites como o The Intercept do ar e mostra que os barões brasileiros fingem "desconhecer inclusive que, em tempos de big tech, o que conta não é apenas a notícia, falsa ou não, mas seu impulsionamento, que se dá, lícita ou ilicitamente, pela força do dinheiro e do poder de Estado no "black mirror" da internet".
Um dos líderes da oposição, o petista cita ainda os ataques sofridos por Glenn Greenwald, fundador do site, pelos bolsonaristas, sem receber a solidariedade de boa parte da grande mídia.
"Greenwald vem sendo covardemente atacado pelo presidente da República, por seu filho senador e pelo ministro da Justiça sem que a imprensa local se solidarize com ele na proporção exigida, muito pelo contrário".