Vaza Jato: MPF de Brasília vazou investigação sigilosa contra Lula à Lava Jato

Procuradores afirmam em mensagens vazadas que queriam colocar “a perninha da Lava Jato” em investigações contra o ex-presidente fora do âmbito da força-tarefa

Lula (Ricardo Stuckert)
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A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba teve acesso a uma investigação sigilosa contra o ex-presidente Lula um mês antes de fazer o pedido formal para acessar os documentos. O inquérito estava sob investigação de procuradores do Ministério Público Federal (MPF) em Brasília.

A informação consta em nova reportagem da Vaza Jato divulgada pelo Intercept Brasil nesta segunda-feira (10). De acordo com a matéria, o inquérito apurava um possível "tráfico de influência" de Lula para ajudar a Odebrecht a fechar contratos com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no exterior.

O documento listava correspondências trocadas entre o Itamaraty, de 2011 a 2014, e autoridades de cinco países onde a construtora negociava contratos. Tal informação passou a circular no grupo de Telegram dos procuradores de Curitiba desde 12 de fevereiro de 2016, mas a força-tarefa só teve acesso formal à investigação quase um mês depois, em 10 de março.

Mensagens vazadas dos procuradores mostram a intenção de colocar a "perninha da Lava Jato” em investigações do ex-presidente fora do âmbito da força-tarefa:

Pozzobon: To lendo um relatório paralelo da Cpi do BNDES. Acho que teremos muito coisa para trabalhar lá. É uma pouca vergonha. Tão ou mais revoltante que a Petrobras.

Pozzobon: E digo mais. Nada melhor para nós, LJ, minimizarmos ao máximo o risco de perder o caso por competência, do que entrarmos com CNO e LULA. Se entrarmos fraco, ou com um caso satelitario, é capaz de não nos deixarem trabalhar.

Júlio Noronha: Concordo!

Pozzobon: aí já sabem, colocou a perninha da LJ lá com força, teremos ótimos trabalhos para mais uma década. Rsrsrs

Logo em seguida a essa conversa, de acordo com a reportagem, Deltan Dallagnol combinou com outro procurador em um chat privado sobre como conseguir o inquérito sigiloso.

Quatro dias depois, em 11 de fevereiro, Dallagnol passou aos colegas um relato das investigações em andamento em Brasília sobre Lula e avisou que o MPF de Brasília iria “mandar tudo digitalizado amanhã”.

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