Moro e Lava Jato violaram soberania nacional, diz Rui Falcão, que pede que Câmara tenha acesso a conversas

Deputado entrou com ação junto ao STF em que revela a "manipulação fraudulenta do sistema de justiça para ocultar a implementação de um projeto político e ideológico de poder, contando com a participação de agentes estrangeiros"

Moro e Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)Créditos: Presidência da República
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Em representação protocolada na noite desta sexta-feira (5) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado Rui Falcão (PT-SP) pede ao Ministro Ricardo Lewandowski o compartilhamento com órgãos da Câmara Federal dos dados da operação Spoofing, com a transcrição das conversas do ex-juiz Sergio Moro - que se tornaria "super" ministro da Justiça de Jair Bolsonaro - com procuradores da Lava Jato.

Na petição, assinada pelos advogados Marco Aurélio Carvalho, Carol Proner e Fernando Hideo Lacerda, o deputado afirma que as conversas mostram "fortes indícios da prática de atos que afrontaram a soberania nacional, lesaram o patrimônio público brasileiro e atentaram contra o Estado Democrático de Direito".

"Os diálogos em questão indicam que as atividades da Operação Lava Jato desenvolveram-se mediante uma associação estruturalmente ordenada e composta por agentes públicos, que se valeram da manipulação fraudulenta do sistema de justiça para ocultar a implementação de um projeto político e ideológico de poder, contando com a participação de agentes estrangeiros, cujo propósito aparenta ter sido a violação da soberania nacional, a obtenção de vantagens indevidas, a satisfação de interesses ou sentimentos pessoais e o aniquilamento do Estado de Direito", diz a peça jurídica, que solicita ainda o compartilhamento dos dados com a "Comissão de Fiscalização Financeira e Controle do Congresso Nacional, a Corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público e a Procuradoria do Tribunal de Contas da União, para avaliação das providências cabíveis, sob pena de irreversível descrédito do sistema de justiça brasileiro".

Segundo o documento, é "estarrecedora" a subalternidade dos procuradores brasileiros diante dos agentes estadunidenses e suíços que podem ser vistos nos diálogos, que revelam ainda o conhecimento de Moro sobre as tratativas com agentes estrangeiros.

"Em certa ocasião, Deltan Dallagnol e Sergio Moro falam abertamente sobre 'reunião conjunta com suíços e americanos para discutir percentuais da divisão do dinheiro' e a expectativa de que “suíços nos ajudarão a dar menos pros americanos", diz o documento, que lista diversos pontos das conversas sobre o conluio da Lava Jato com agentes dos EUA e da Suíça.

Bolsonaro curte a gente
Na representação, a que a Fórum teve acesso, os advogados ainda mostram a clara "motivação política e ideológica, ligada a um projeto de poder em torno do qual o grupo se reunia", reproduzindo conversas e memes trocados pelos procuradores com ironias ao ex-presidente Lula e mostrando simpatia a Jair Bolsonaro.

Em uma das trocas de mensagens, o procurador Diogo Castor de Mattos publica um print da página no Facebook "Bolsonaro Opressos 2.0" com a foto dos membros da força-tarefa e escreve: "Bolsonaro curte a gente". A procuradora Jerusa Viecili responde com um "kkkkkkk".