Vazamentos da Lava Jato são utilidade pública e "não importa de onde a informação veio", diz Snowden

"Toda publicação de conversa privada causa algum desconforto, mas acho que ministros, políticos, procuradores e juízes devem estar sujeitos a desconfortos desse tipo", disse o ex-agente da Agência de Segurança Nacional dos EUA

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Em uma videoconferência na qual participou direto de Moscou, onde mora há quase seis anos, o ex-agente da NSA (sigla em inglês da Agência de Segurança Nacional, vinculada à CIA), Edward Snowden, defendeu as reportagens da Vaza Jato e disse que informações das mensagens vazadas são de interesse público. Portanto, "não importa de onde a informação veio". "Toda publicação de conversa privada causa algum desconforto, mas acho que ministros, políticos, procuradores e juízes devem estar sujeitos a desconfortos desse tipo", comentou Snowden. "Não importa de onde a informação veio. Se ela é de interesse público e verdadeira, que seja divulgada", continuou. Em seguida, os repórteres da revista Veja, Fernando Molica e Maria Clara Vieira, responsáveis pela entrevista, comparam o episódio da Vaza Jato com o fato de Snowden ter sido incriminado de traição nos Estados Unidos por ter revelado segredos de Estado. "Ao entrar na NSA, jurei apoiar e defender não o governo, nem a agência, mas a Constituição americana contra qualquer inimigo", disse o ex-agente, acrescentando que tais segredos que jurou proteger violavam claramente a Constituição que ele "devia respeitar". Snowden foi o responsável por trazer a público, com o apoio do jornalista americano Glenn Greenwald, hoje no The Intercept Brasil, documentos ultrassecretos que deixavam clara a vigilância americana a cidadãos comuns, escândalo que fez alterar leis mundo afora.