O cancelamento da partida entre Brasil e Argentina insuflou bolsonaristas nas redes sociais. Enquanto alguns colocaram a deportação de atletas argentinos como um suposto exemplo de "mão firme" de Jair Bolsonaro, outros usaram o episódio para dizer que o país vive uma "ditadura comunista" comandada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na lógica bolsonarista, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) poderia ser um instrumento tanto para uma situação quanto para outra.
A pergunta que fica: A dois dias dos atos golpistas do 7 de setembro, há algo por trás nessa operação conduzida pelo almirante Antonio Barra Torres, presidente da Anvisa?
Na Argentina, a imprensa se questiona o motivo de a infração sanitária de quatro jogadores ter sido cobrada apenas com a bola rolando, aos 5 minutos do primeiro tempo. É certo que a Anvisa notificou no sábado a ocorrência após ser informada de fraude no formulário da autoridade sanitária brasileira, mas uma suposta liberação teria sido conseguida - não se sabe por qual meio.
Segundo as normas da Anvisa, viajantes estrangeiros que tenham passagem, nos últimos 14 dias, pelo Reino Unido, África do Sul, Irlanda do Norte e Índia, estão impedidos de ingressar no Brasil. Em nota, divulgada horas antes da partida, a Anvisa apontava a gravidade da situação.
"A Anvisa considera a situação risco sanitário grave, e por isso orientou às autoridades em saúde locais a determinarem a imediata quarentena dos jogadores, que estão impedidos de participar de qualquer atividade e devem ser impedidos de permanecer em território brasileiro, nos termos do art. 11, da Lei Federal nº 6437/77", diz trecho da nota.
Apesar disso, nada foi feito para impedir que os jogadores fossem do hotel em que estavam hospedados para o estádio. A escolha da intervenção com o time já em campo abre questionamentos e parece ajudar a narrativa construída por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que se mobilizam para o 7 de setembro.
Por um lado, um grupo enxerga a ação da Anvisa como uma demonstração de força do governo Bolsonaro. No entanto, há aqueles que acusam a agência de alinhamento com o STF para impor restrições de circulação.
O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) está entre os que usam o episódio como demonstração de força contra Argentina. "Argentinos deram de malandros. Sabiam que estavam burlando a lei brasileira, impediram a Anvisa de autua-los e, na marra, escalaram os 4 oriundos da Inglaterra. PF tem que investigar quem não tomou providências antes do jogo e Argentina deveria ser severamente punida", tuitou.
Confira algumas mensagens publicadas por apoiadores de Bolsonaro sobre a interrupção de Brasil e Argentina:
