VÍDEO: É um dia triste para a saúde brasileira, diz Alexandre Padilha sobre saída de Cuba do Mais Médicos

"É isso que pode acontecer quando se coloca a guerra, a ideologização, do conflito na frente dos interesses sobretudo do povo brasileiro, daqueles que mais sofrem e mais precisam", disse ex-ministro e um dos idealizadores do programa.

Foto: Roberto Stuckert
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Um dos idealizadores e principal executor do Programa Mais Médicos, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha afirmou que esta quarta-feira (14) é "um dia triste para a saúde pública e a política externa brasileira", após o anúncio da saída de Cuba do projeto por declarações “ameaçadoras” e modificações “inaceitáveis” do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). "Depois de inúmeras declarações preconceituosas por parte do presidente eleito, o Ministério da Saúde de Cuba declara sua retirada do Programa Mais Médicos que chegou a mais de 60 milhões de brasileiros". Em vídeo, gravado durante viagem para atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), em Campinas, no interior de São Paulo, o médico, que lançou o programa em julho de 2015, criticou a falta de diplomacia do capitão da reserva. "É isso que pode acontecer quando se coloca a guerra, a ideologização, do conflito na frente dos interesses sobretudo do povo brasileiro, daqueles que mais sofrem e mais precisam", disse Padilha. Mais de 8 mil médicos Com a decisão, milhares de médicos cubanos que trabalham no Brasil devem voltar para a ilha. Atualmente, o programa Mais Médicos soma 18.240 vagas. Destas, cerca de 8.500 são ocupadas por médicos cubanos, selecionados para vir ao Brasil por meio de um convênio com a Opas (Organização Pan-americana de Saúde). Pelas regras do Mais Médicos, profissionais sem diploma revalidado só podem atuar nas unidades básicas de saúde vinculadas ao programa “nos primeiros três anos”, como “intercambistas”. A renovação por igual período só pode ser feita caso esses profissionais tenham o diploma revalidado e o aval de gestores nos municípios. No ano passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que a ausência de revalidação do diploma era constitucional. Em geral, os médicos cubanos ficam em municípios menores e mais distantes das capitais, onde há menos interesse de brasileiros em ocupar as vagas. Pelas regras do programa, médicos brasileiros têm prioridade na seleção, seguido de brasileiros formados no exterior, médicos intercambistas (outros estrangeiros) e, por último, médicos cubanos.   Fórum precisa ter um jornalista em Brasília em 2019. Será que você não pode nos ajudar nisso? Clique aqui e saiba mais