“Vivemos uma asfixia orçamentária”, diz João Carlos Salles, reitor da UFBA

Segundo o reitor, o orçamento deste ano da universidade é equivalente ao de 2010, quando havia 15 mil alunos a menos

Reitor da UFBA, João Carlos Salles (Foto: Divulgação)
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Nesta semana a situação das universidades federais vieram à tona após a Universidade Federal do Rio de Janeiro anunciar que pode fechar a partir de julho. Esta é uma realidade enfrentada por outras unidades do país. “Estamos sofrendo um ataque sistemático, uma defasagem orçamentária gravíssima ao longo dos anos. Em 2016, tínhamos um orçamento de capital e de custeio bastante superior ao orçamento de agora”, diz o reitor da Universidade Federal da Bahia, João Carlos Salles, em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia. “Agora essa asfixia progressiva deu um salto, porque nós tivemos um corte efetivamente de 20% nas universidades, em média. Isso faz com que, no caso da UFBA, nosso orçamento seja inferior ao de 2010, quando tínhamos 15 mil estudantes a menos.”

Segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), as 69 universidades do país tiveram um corte no orçamento discricionário para 2021 de R$ 1.000.943.150 (Um bilhão, novecentos e quarenta e três mil, cento e cinquenta reais), menos 18,16% em relação a 2020. Além disso, o Decreto 10.686 de 22 de abril deste ano, assinado pelo presidente Jair Bolsonaro, bloqueou R$ 2,7 bilhões do orçamento do Ministério da Educação, alcançando as universidades federais em mais 13,89%.

“Não só apenas está se sucateando o parque universitário, mas se reduziu praticamente a nada o orçamento de capital, onde se faz obras, compra de equipamentos, etc. Se mantido o veto de capitais, o orçamento da UFBA vai ser de 500 mil reais para cuidar de 168 prédios. Não é só qualidade da infraestrutura. Teremos que reduzir o apoio aos estudantes que é fundamental para que o estudante não sofra dentro da universidade a exclusão que ele sofre fora. São estudantes em vulnerabilidade”, denuncia Salles.

A UFBA está organizando um ato nacional pela educação contra a barbárie no dia 18 de maio, às 9h, que terá transmissão no canal do Youtube da universidade.

Segundo o reitor, a universidade não irá fechar. “Iremos resistir. Não resistirmos seria um grande equívoco”, diz. De acordo com Ivana Bentes, professora da Escola de Comunicação da UFRJ e Pró-reitora de Extensão, que também participou do programa, os cursos vão continuar porque as aulas estão no remoto, mas a volta para o presencial está inviabilizada com o corte e o bloqueio.

Na opinião de Patricia Valim, professora de História da UFBA, é preciso uma frente ampla no combate a campanha contra às universidades. “Há um esvaziamento da importância da universidade pública pela mídia tradicional”, acredita, citando programas onde negacionistas são chamados a debater com quem é pesquisador e está do lado da ciência. “Uma das questões fundamentais da luta contra o fascismo e da retomada da democracia passa pela ciência.”

Assista ao programa na íntegra:

https://youtu.be/EQjJbjsl-wg