Wajngarten admite que "houve incompetência" na compra de vacinas, mas isenta Bolsonaro

Em entrevista à Veja, ex-chefe da Secom jogou a culpa exclusivamente na equipe do Ministério da Saúde, na época comandada por Eduardo Pazuello

Fabio Wajngarten, do Ministério das Comunicações | Marcelo Camargo/Agência BrasilCréditos: Marcelo Camargo Agência Brasil
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Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo Jair Bolsonaro, admitiu em entrevista concedida à Revista Veja nesta quinta-feira (22) que houve incompetência governamental na compra de vacinas contra a Covid-19. O ministro evitou criticar o presidente e jogou tudo na conta do Ministério da Saúde.

Em conversa com Policarpo Junior, da Veja, Wajngarten comentou sobre os bastidores da compra dos imunizantes da Pfizer. Em 2020, a farmacêutica fez três ofertas ao Brasil, mas o governo não firmou contrato. Bolsonaro chegou, inclusive, a insinuar que a vacina poderia transformar alguém em "jacaré".

"O presidente sempre disse que compraria todas as vacinas, desde que aprovadas pela Anvisa. Aliás, quando liguei para o CEO da Pfizer, eu estava no gabinete do presidente. [...] Se o contrato com a Pfizer tivesse sido assinado em setembro, outubro, as primeiras doses da vacina teriam chegado no fim do ano passado", declarou.

Ele, então, atribui a não-assinatura a "incompetência e ineficiência". "Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando uma negociação que envolve cifras milionárias e do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é isso que acontece. Estou me referindo à equipe que gerenciava o Ministério da Saúde nesse período", disse o ex-membro do governo, que evita responsabilizar Pazuello individualmente.

"O presidente Bolsonaro está totalmente eximido de qualquer responsabilidade nesse sentido. Se as coisas não aconteceram, não foi por culpa do Planalto. Ele era abastecido com informações erradas, não sei se por dolo, incompetência ou as duas coisas. Diziam que a pandemia estava em declínio e que o número de mortes diminuiria muito até o fim do ano", disse ainda.