Witzel acusa Bolsonaro e cita decisão de Moro que tirou Lula da eleição

Wilson Witzel, Flávio e Jair Bolsonaro - Arquivo
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Poupado pelo ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de ir para a cadeia nesta sexta-feira (28), o governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), fez um pronunciamento indignado e acusou a procuradora Lindora Maria Araújo, que chefia a Lava Jato na Procuradoria-Geral da República (PGR) de "relacionamento próximo com a família Bolsonaro".

Beneficiado pelo picadeiro que se transformou a política brasileira desde o golpe parlamentar contra Dilma Rousseff (PT), Witzel classificou como "mais um circo" a operação da Polícia Federal, que prendeu o presidente do PSC, pastor Everaldo, e citou como exemplo da "morte da democracia" no país a decisão judicial do ex-ministro Sérgio Moro, que levou o ex-presidente Lula à prisão e o tirou da disputa eleitoral contra Bolsonaro em 2018.

"Eu não sou a favor de Lula, nem contra Lula. Mas, o STF tá chegando à conclusão de que o ex-ministro Sérgio Moro foi parcial. E com essa decisão, o ministro Fachin foi muito claro, evitou-se que o ex-presidente Lula disputasse a presidência da República. Eu estou extremamente preocupado com os caminhos que o nosso país está seguindo. Eu já falei, várias vezes, como morrem as democracias. Morre assim, aniquilando os adversários com o uso da máquina pública e cooptando as instituições", afirmou Witzel.

Ex-juiz, Witzel falou no "possível uso político" do Ministério Público Federal pelo clã Bolsonaro, a quem se associou para vencer a eleição para o governo do Rio de Janeiro.

"É uma busca e decepção. Não encontrou R$ 1, uma joia. Simplesmente mais um circo sendo realizado. Lamentavelmente a decisão do sr. Benedito (Gonçalves, ministro responsável pela decisão), induzido pela procuradora na pessoa da dra. Lindora (Araújo, subprocuradora-geral da República), está se especializando em perseguir governadores e desestabilizar os estados com investigações rasas, buscas e apreensão preocupantes. Eu e outros governadores estamos sendo vítimas do possível uso político da instituição".

O governador afastado do Rio ainda citou a disputa travada contra Jair Bolsonaro, que riu ao comentar a ação da Polícia Federal.

"Bolsonaro já declarou que quer o Rio de Janeiro. Já me acusou de perseguir a família dele, mas diferentemente do que ele imagina, aqui a Polícia Civil, o Ministério Público é independente e eu me preocupo muito com essa questão política que vivenciamos hoje […]. O presidente da República fez acusações contra mim extremamente graves e levianas. Acredita que vou ser candidato a presidente? O Brasil precisa de gente séria, de gente comprometida com um futuro melhor".

Witzel ainda atacou o ex-secretário Edmar Santos, autor da delação que motivou a operação da polícia federal, e terminou dizendo que vai continuar morando no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador, enquanto estiver afastado do cargo.

"Edmar nos enganou a todos. Um tenente-coronel da Polícia Militar, professor da Uerj, ex-diretor do Pedro Ernesto. Esse vagabundo entra na saúde do Rio de Janeiro quando eu avisei que não toleraria corrupção e não tolero corrupção. Tentou ludibriar a todos nós".

https://youtu.be/WDZy__6RNXQ