Witzel diz que milícia transita no poder: "Pode ter algum relacionamento de um parlamentar que desconheça"

Governador do Rio tentou minimizar rusgas que vive com o clã Bolsonaro e diz que tenta, sem sucesso, marcar audiência com o presidente e que Flávio não atende seus telefonemas

Witzel, Flávio e Jair Bolsonaro (Agência Brasil)
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Em entrevista ao jornal O Dia, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) evitou polemizar com o clã Bolsonaro, de quem se afastou no primeiro ano de mandato e teve atritos, especialmente com Jair Bolsonaro, sobre as investigações conduzidas pelos orgãos de segurança estaduais sobre milícias e o esquema de "rachadinha" envolvendo Flávio Bolsonaro.

Witzel afirmou que "o principal foco da milícia não é estar diretamente com o poder", mas que milicianos transitam por ele.

"Ela fica em um nível entre vereadores, prefeitos. Pode ter também algum relacionamento de um parlamentar que desconheça, mas ela está transitando no poder. Eles são mafiosos, tentando ali cooptar agentes públicos. Mas o principal foco da milícia não é estar diretamente com o poder. O que a milícia quer é intimidar o cidadão de bem para ele pagar a segurança, o gás, o 'gatonet'", disse Witzel.

O governador do Rio de Janeiro disse ainda que só soube da ação que matou o ex-capitão do Bope, Adriano da Nóbrega, depois que ele já havia sido assassinado.

"O único momento que eu soube que a polícia havia encontrado o Adriano e que ele teria resistido, e a polícia da Bahia o executou, foi quando eu recebi o telefonema do delegado Marcos Vinícius [Secretário de Segurança Pública da Bahia} com a informação de que o miliciano havia sido morto em confronto com a polícia da Bahia. Não tinha a menor ideia de que a polícia estava investigando e procurando, e que naquele momento na Bahia havia um confronto".

Witzel disse ainda que tenta, sem sucesso, marcar uma audiência com Bolsonaro e tem ligado para Flávio, que não o atende.

"As portas estão abertas a hora que ele quiser entrar. Mas ele precisa atender o telefone. Eu ligo e não sou atendido".