Xico Sá vai para os TTs com crônica sobre educação: “ideia de governo é que ninguém passe do Mobral”

Sobre o governo o cronista afirma tratar-se de “uma gente a favor das trevas. Um governo que não ensaia a cegueira, é a própria, um governo que venda (‘literalmente’) a vista de quem não pode pagar caro por educação ou diploma”

Foto: Divulgação
Escrito en POLÍTICA el
O escritor Xico Sá foi parar nos Trend Topics do Twitter por conta de sua crônica publicada neste domingo (5), no El País. Nela, ele se diz “um cronista 100% ensino público, praticamente um Xicobras do primário até a bravíssima Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)”, escreveu. Por conta disto, Xico afirma se sentir “obrigado a defender cada pão com ovo que comi na CEU, a Casa do Estudante Universitário daquele campus da Várzea, defender cada assembleia em peleja permanente contra os cortes do senhor reitor, defender cada passeata contra os coices do general João Baptista Figueiredo”, diz. Logo após esta introdução, Xico afirma ser óbvio que fala “desse cego facão bolsonarístico que decepou 30% das verbas das federais. Inicialmente sob a desculpa da ‘balbúrdia’ da UFF, UnB e UFBA -sexo, drogas e rock´n´roll?- e depois, quando a carapuça oficial da hipocrisia caiu, por uma ‘cuestão’ de tremenda sacanagem contra qualquer facho de iluminismo e saber”. Para ele, trata-se de “uma gente a favor das trevas. Um governo que não ensaia a cegueira, é a própria, um governo que venda (‘literalmente’) a vista de quem não pode pagar caro por educação ou diploma”. Xico Sá diz que “a universidade pública vivia sob ataque permanente desde 1964. O que a nova ordem bolsonarística põe em prática não tem ainda a violência militar de forma explícita, mas o golpe nas verbas é um dos maiores da história. Corta, corta, corta”. O cronista afirma, ao final, que “pelo visto, a ideia de governo é que ninguém passe do Mobral, o movimento brasileiro de alfabetização criado pela Ditadura, uma espécie de anticartilha Paulo Freire, cujo bê-a-bá decorativo não respeitava sequer as diferenças regionais das palavras”. E então destaca uma curiosa história de sua família: “lembro dos meus parentes, lá no grupo escolar do sítio das Cobras, município de Santana do Cariri (CE), tentando soletrar a palavra mandioca diante do que, para todos nós, se tratava de uma macaxeira. Tudo, tudo menos consciência do seu lugar na vida e no significado das raízes do Brasil”. Leia a crônica completa no El País