Zé Dirceu ratifica posição: “Quem delata perde sua condição humana”

Em sua coluna na Folha de S.Paulo, Mônica Bergamo diz que ex-ministro afirma: “A maioria não delatou nem mesmo sob torturas que as destruíam psicologicamente, fisicamente”

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[caption id="attachment_133677" align="alignnone" width="1024"] Foto: Reprodução/PT[/caption] O ex-ministro Zé Dirceu segue firme sua posição de jamais aderir a um acordo de delação, mesmo com a perspectiva de talvez nunca mais sair da prisão, informa a jornalista Mônica Bergamo, em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo. Dirceu se entregou nesta sexta-feira (18) à Polícia Federal para cumprir mais de 30 anos de prisão. Ele diz: “Eu fui formado numa geração em que a delação é a perda da condição humana. A maioria [das pessoas presas na ditadura] não delatou nem mesmo sob torturas que as destruíam psicologicamente, fisicamente. Muitas ficaram com sequelas e carregam até hoje aqueles tormentos, como é o caso da própria ex-presidenta Dilma”. Dono de uma rica trajetória de luta, Dirceu explica que “nem em música” considerou algum dia a possibilidade de fazer colaboração premiada. “Nem em samba-canção”, revela. “No Exército Vermelho [da antiga União Soviética] tinha um ditado: para ser covarde, é preciso ter coragem. Porque os traidores eram sumariamente eliminados pelo comissário político na frente de batalha”. Apesar das mensagens enviadas a grupos de WhatsApp antes de se entregar, em que aparentava firmeza e força, Zé Dirceu chegou a chorar em conversas com alguns amigos antes de ser preso. Ele pensava, em um primeiro momento, em tentar cumprir a pena no Complexo Médico Penal, no Paraná, para onde esperava que o ex-presidente Lula fosse transferido. A decisão de permanecer onde está fez com que Dirceu preferisse ficar em Brasília. Antes de ser preso, o ex-ministro terminou de escrever uma biografia, que será lançada pela Geração Editorial.