2020: ano trágico termina com recorde de mortos em 24h por Covid-19

26 nações já iniciaram a vacinação, Brasil não está entre elas

Covas coletivas em Manaus, Amazonas - Foto: Reprodução
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Antes de 2020 era difícil acreditar que quase 2 milhões de pessoas iriam morrer em um ano por conta de um vírus que causa uma doença para a qual não há medicamentos capazes de curá-la. Pois este ano chegou, fazendo lembrar da última pandemia que o planeta tinha conhecimento, a da Gripe Espanhola. De 1918 a 1920, estima-se que cerca de 500 milhões de pessoas tenham se infectado, um quarto da população mundial, e não se sabe ao certo o número de mortos, fala-se de 20 a 50 milhões.
E, se de um lado, o ano termina com o início da vacinação contra a Covid em várias partes do mundo, o número de mortos não dá trégua.

Segundo dados da Bloomberg, até 31 de dezembro, foram imunizados mais de 6 milhões de habitantes de 26 países com as vacinas já disponíveis e aprovadas: Pfizer/BioNTech, Moderna e Sputnik V. No caso da China, foram dadas autorizações emergenciais para vacinação com os imunizantes desenvolvidos pelos laboratórios Sinovac Biotech, CanSino Biologics e Sinopharm. Os países que lideram a vacinação são os Estados Unidos, com 3 milhões de vacinados, China (1 milhão), Israel (650 mil), Reino Unido (625 mil) e Rússia (440 mil). O Brasil não está entre as 26 nações.

Enquanto isso, o mundo registrou um novo recorde no número diário de mortos em 29 de dezembro. Foram 15.518 óbitos, segundo monitoramento da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos. Até então o recorde tinha sido em 22 deste mês com 14.468 mortes.

O Brasil termina o ano com a triste segunda posição no número de vidas perdidas para o coronavírus. Foram 193.875 mortes, segundo os dados oficiais do Ministério da Saúde, ou seja, apenas as que foram notificadas. De acordo com o médico infectologista Marcos Caseiro, a subnotificação é enorme. Em novembro, em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia, ele apresentou dados do próprio governo que comprovavam que o Brasil já registrava mais de 200 mil mortes por Covid-19, pelo menos 35 mil a mais do que o informado pelo Ministério da Saúde naquele momento.

Somente os EUA tem mais mortos do que o Brasil, no ranking oficial da John Hopkins. Os norte-americanos terminam o ano com 342.634 mortos por Covid-19. No mundo, são 1.808.450 mortes, segundo a universidade.

Mesmo diante dessa tragédia, no Brasil, figuras públicas, como o jogador Neymar, estão festejando com centenas de convidados, e o presidente da República segue dando declarações na contramão do mundo. Daria para fazer uma lista enorme só das piores frases. “Infelizmente, acho que quase todos vocês vão pegar um dia. Tem medo do quê? Enfrenta! (…) Lamento. Lamento as mortes. Morre gente todos os dias de uma série de causas. É a vida, é a vida”, disse em julho.

Para milhares de pessoas que perderam pessoas queridas este ano novo será de dor. A previsão é que a pandemia dure até 2022, segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar deste 2020 trágico, 2021 ainda será um ano difícil.