44 anos sem Jango, 44 anos presente, por João Vicente Goulart

Saudades e honra são a memória de tua pessoa, de tua postura histórica, de morrer no exílio sem claudicar da luta de teu povo.

Escrito en OPINIÃO el

Sempre que chega 6 de dezembro, durante todos estes anos de tua ausência, quando me perguntam o que é ser filho de Jango, minha resposta sempre é de orgulho e esperança naquilo que acreditastes além tua morte, longe de tua Pátria, com saudades do povo brasileiro, dos mais humildes e desamparados, aspirando a ver teu país uma terra mais justa e solidaria, mais equitativa e com idênticas oportunidades para todos.

Ser filho de Jango é estar presente sempre na luta pela emancipação de nosso povo. Ser filho de Jango é ser filho da Pátria Grande, é não desistir da luta frente aos poderosos, é saber que um dia esse sonho será alcançado, e que a luta contra os exploradores de nossas riquezas, sanguessugas de nossa gente, será vitoriosa com o exemplo das mortes daqueles que como tu, ficaram pelo caminho.

A luta por uma democracia participativa como desejastes, com o povo realmente nas ruas, nas praças, no poder, no comando de seu destino que só a ele pertence, sem os fantoches autocratas que se julgam procuradores de uma massa de manipulação, estarão para sempre escritos e gravados na nossa longa luta, interminável até que chegue a vitória.

Saudades e honra são a memória de tua pessoa, de tua postura histórica, de morrer no exílio sem claudicar da luta de teu povo.

É então que respondo a esse questionamento, dizendo que tenho sim muito orgulho de ser filho de um homem que entendeu até o fim que o destino que lhe é imposto é menos importante que sua convicção pela Pátria. Morrer pala Pátria não é pouca sorte.

Repudiaria meus dias se fosse filho de um ditador que subjugou minha Pátria a 21 anos de silêncio, ditadura, perseguições ilegais aos cidadãos de minha terra, aos que praticaram torturas e assassinatos seletivos, desapareceram com seres humanos, violaram a Constituição e ainda assim, batiam continência à bandeira brasileira.

Ainda temos muito a percorrer e revisitar no projeto de Nação que tu querias, pois, o debate de tuas Reformas de Base ainda continua presentes como solução ao país mais desigual que jamais sonhastes.

A academia, hoje, reconhece a tua figura gigante. A Nação precisa livrar-se das mesmas forças que te combateram, que te desterraram, mas que te mantiveram vivo até hoje, quando eles, os ditadores, os autocratas, os generais que te sucederam, estão mortos e enterrados nos túmulos da história de nosso povo, o mesmo povo que te mantém vivo até hoje.

Saudades do pai, do líder!

Relembrar-te hoje é minha bandeira de resistência.