A melhor vacina é derrubar Bolsonaro – Raimundo Bonfim

Não há outra saída, precisamos sim da vacinação rápida e em massa, um auxílio emergência de R$ 600, mas, urgentemente, precisamos que Bolsonaro e todo seu governo sejam afastados

Foto: Sinpro-DF
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A cada fim de dia, quando se revela o número de vidas perdidas, o Brasil vai se firmando como o país que menos soube enfrentar a pandemia de Covid-19, que já levou à morte mais de 410 mil pessoas. Só em abril, foram quase 83 mil vidas ceifadas pela doença e, em grande medida, pelo negacionismo do presidente Jair Bolsonaro e por sua necropolítica em curso. Dos 193 países que existem no mundo oficialmente, o Brasil é o segundo em número de mortes e o 13º em óbitos proporcionais à população, só atrás dos Estados Unidos (que tem cerca de 575 mil mortos). Nosso país concentra 9,7% de todos os casos de Covid-19 e 12,6% de todas as mortes. Esse resultado é a soma do descaso do governo Bolsonaro com a saúde do povo, seu incentivo às aglomerações, desestímulo ao uso de medidas protetivas e a demora em adquirir vacinas. Bolsonaro sabota medidas para a preservação da vida e abre possibilidades para a doença e para a morte.

A lamentável marca dos 400 mil mortos chegou na mesma semana, quando foi revelado o novo índice de desemprego, de 4,4%, batendo o recorde histórico da série, que teve início em 2012: são14,4 milhões de trabalhadores e trabalhadoras sem emprego. A pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela ainda um dado mais preocupante que esse. O percentual da população desalentada, que é aquela parcela que desistiu de procurar emprego, aumentou e também bateu novo recorde: 6 milhões de pessoas. Adicionando os dois números, de desempregados e de desalentados, chegamos ao desastroso resultado da soma: mais 20 milhões de desempregados.

Os dados da alta taxa de desemprego se mostram no altíssimo número de pessoas que passam fome no país: 19 milhões. Os movimentos populares e sociais têm promovido ações de solidariedade para amenizar a difícil situação das famílias mais necessitadas. Na semana passada, com o mote "comida no prato e vacina no braço", a Central de Movimentos Populares (CMP) e a Federação Única dos Petroleiros (FUP) realizaram ações solidárias em periferias de 11 cidades do país, beneficiando mais de 1.500 famílias com venda de gás de cozinha a preço justo, distribuição de cestas de alimentos, verduras, legumes e máscaras de proteção. Na ocasião, defendemos a vacinação para toda a população, a volta urgente do auxílio emergencial de 600 reais até o fim da pandemia e denunciamos o aumento do desemprego, da fome e da miséria em nosso país.

Não por acaso, Brasil e Estados Unidos são os países que mais sofrem com a pandemia de Covid-19. Isso porque, tanto o ex-presidente Donald Trump quanto Bolsonaro, o tempo todo, negaram a ciência e minimizaram a gravidade da doença. A fatura do negacionismo chegou alta para o povo, as vidas perdidas e todo o sofrimento das famílias, infelizmente, deixam marcas dolorosas e sequelas para o resto da vida. É preciso que Bolsonaro seja processado, responsabilizado e afastado da Presidência da República por essa postura criminosa. A CMP, em conjunto com outras organizações políticas, tem pressionado a Câmara dos Deputados para que paute os pedidos de impeachment contra Bolsonaro.

Há na Câmara dos Deputados, aproximadamente, 120 pedidos de afastamento do presidente. Já em 2019 a CMP foi uma das primeiras organizações políticas a tomar posição pelo fora Bolsonaro, tendo assinado dois dos primeiros pedidos. O primeiro assinado pela CMP foi o pedido unificado de partidos e movimentos populares; o segundo foi o impeachment popular. Entre os diversos crimes praticados por Bolsonaro, que constam dos documentos, estão os atos atentatórios contra a Constituição Federal, contra a democracia, a interferência na Polícia Federal, o genocídio contra os povos indígenas e a população negra, a sabotagem de medidas de combate à pandemia e a gestão criminosa da covid-19. Todos os crimes são graves, mas o crime de sabotar medidas de enfrentamento à covid é o pior, pois atenta contra a vida.

Uma reunião inédita e necessária, realizada no último dia 23 de abril, contou com a participação de representantes de partidos políticos, frentes, movimentos populares e sociais e parlamentares que protocolaram pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Marcaram presença mais de 150 líderes políticos e sociais. Entre os partidos, o PT, PSOL, PCdoB, PSB, PDT, PSTU, Cidadania, Rede, Unidade Popular, além de movimento# sindicais e sociais, como CMP, MST, UNE, MTST, CUT, UNMP, dentre outros. Todos com o mesmo objetivo: construir um pedido e unificar uma campanha de massa nas redes e nas ruas pelo impeachment de Bolsonaro.

A instalação da CPI da Covid na Câmara pode ajudar a fortalecer a luta pelo fora Bolsonaro. Se apurar com isenção e seriedade as ações do presidente que facilitaram o alastramento do vírus e, por conseguinte, sua responsabilidade nas mais de 400 mil mortes, o impeachment ganhará força e o resultado ao final dos trabalhos será mais um importante instrumento para o afastamento de Bolsonaro e o fim do seu governo. A comissão levantou, até agora, cerca de 200 falas negacionistas do presidente em relação à doença, que certamente influenciaram governos estaduais, municipais e pessoas a não cumprirem medidas de proteção. É uma postura reprovável, criminosa e irresponsável para um mandatário, que contribuiu, direta ou indiretamente, para muitas das mais de 400 mil mortes. A necropolítica de Bolsonaro também boicotou a compra de vacinas, negando 11 vezes ofertas para compra de cerca de 700 milhões de doses. O resultado disso é o atraso escandaloso na vacinação para todos e todas. Não fosse esse retardo intencional poderíamos ter evitado milhares de mortes e salvado vidas.

Não há outra saída, precisamos sim da vacinação rápida e em massa, um auxílio emergência de R$ 600, mas, urgentemente, precisamos que Bolsonaro e todo seu governo sejam afastados. Essa é a melhor vacina, tanto contra a pandemia de Covid-19, quanto para as crises econômica e social pelas quais o país atravessa. E a unificação dos pedidos de impeachment e uma campanha unificada representam grande avanço do movimento pelo impeachment do presidente. A pressão e a força dos movimentos populares e sociais, frentes e partidos devem ser feitas por meio de atos em todos os cantos do país. É chegada a hora de somar aos atos virtuais as ações de rua, obviamente respeitando o distanciamento social, para a derrubada do presidente genocida e de todo seu governo.

Fora Bolsonaro!

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.