Barroso e a “nova política” atacam novamente, agora nas eleições do Amapá e no TSE..., por Cleber Lourenço

Foto: Agência Senado.
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Ao permitir apenas a suspensão das eleições em Macapá, capital do Amapá, enquanto demais cidades do Estado seguem sem luz, o ministro Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, contribui para desacreditar a Justiça mais uma vez.

A decisão veio após súplicas do presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, que é irmão de um candidato concorrendo à prefeitura de Macapá e que está perdendo votos devido à crise instalada com a escuridão.

Em entrevista nesta quinta-feira (12) ele afirmou que seu irmão, Josiel Alcolumbre (DEM), o candidato, foi “o maior prejudicado com o apagão” no Amapá, ignorando o sofrimento de milhares de trabalhadores e pessoas mais humildes que já perderam alimentos e eletrodomésticos devido à crise.

Barroso parece estar determinado a acabar com a credibilidade do TSE, tão elogiado durante a caótica apuração das eleições americanas.

Recentemente, o tribunal sob o seu comando contratou Alexandre Garcia para uma campanha contra as fake news. Essa semana, o falacioso Alexandre Garcia sugeriu que vacinas podem causar depressão e outros efeitos psicológicos, principalmente a vacina da Covid-19, que ainda nem existe.

Também nos últimos dias ele colocou em dúvida o processo eleitoral. Garcia é um negacionista da Covid-19, minimizando seus efeitos. Já deu declarações favoráveis ao uso de cloroquina no combate à doença, que não tem qualquer eficácia comprovada pela ciência.

Já no último domingo (8), a campanha “Fique do Lado da Democracia”, estrelada por Caio Coppola e Gabriella Prioli, foi levada ao ar pelo TSE. Coppola é apontado pelas redes e por políticos como um costumaz disseminador de fake news, além de ser um fervoroso militante antipolítica e pró-Bolsonaro.

Com isso, o TSE dificulta a percepção do que é falacioso ou mentira no debate político, ao dar espaço para esse tipo de gente. Com isso, o tribunal valida mentiras e distorções da realidade defendidas por estas pessoas.

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Infelizmente a postura do ministro em relação ao Amapá, e também em relação ao próprio tribunal presidido por ele, não surpreendem. Barroso é um fervoroso militante da Lava-Jato. Logo, um defensor da antipolítica (mascarada com a alcunha de nova política), algo comum para quem defende a operação que tem como objetivo depredar a política nacional e se colocar como um poder moderador acima de todos os outros.

A antipolítica também tem como foco a depredação da credibilidade das instituições, como forma de contribuir com a corrosão democrática. É assim que Trump lidera sua escaramuça contra o sistema eleitoral americano. Do mesmo jeito que Bolsonaro se elegeu em 2018.

Me pergunto se realmente essa deveria ser a postura de um presidente de alguma instituição pública. Ainda vou além: Numa eventual derrota do bolsonarismo em 2022, como a instituição irá se proteger de eventuais ataques da turba de ressentidos, uma vez que repetidas vezes durante a presidência de Barroso no TSE a sua credibilidade foi minada de maneira autofágica?

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É mais uma vez a antipolítica em seu estado mais puro.

Em 2018, Barroso (que ainda não era presidente do TSE) afirmou que o sistema político brasileiro "extrai o pior" das pessoas, dando ainda mais tração para o sentimento antipolítica que permeava o pleito que elegeu Jair Bolsonaro.

O homem que preside a instância máxima da justiça eleitoral no Brasil é o mesmo que dá esse tipo de declaração.