Bolsonaro, Lava Jato e o método nazista de controle da mídia

Sem saber conviver com o contraditório, Bolsonaro e bolsonaristas agridem repórteres, perseguem veículos e buscam impor suas verdades usando o método olavista de mentir e dar chiliques, baseado em grande parte no reich hitleriano

Moro, Feliciano e Bolsonaro (Reprodução)
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"Qualquer homem que ainda tenha um resíduo de honra tomará todo cuidado para não se tornar jornalista". A mensagem foi escrita em 1943 por Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha nazista, em seu diário sobre a guerra travada para controle Da imprensa. Quando Hitler foi alçado ao poder, em 1933, os nazistas controlavam menos de 3% dos 4.700 jornais alemães da época. A maioria foi fechado ou estrangulado de alguma forma pelo reich. No dia 3 de julho daquele ano, Goebbels submeteu todos os jornalistas da imprensa falada à Câmara de Radiodifusão do governo nazista. A programação e o conteúdo das informações passaram a ser controlados e, em 1940, foi criada uma programação única, que todas as emissoras eram obrigadas a retransmitir. Adolf Hitler não sabia conviver com o contraditório. E o controle de quem poderia entrevistá-lo e o que poderia ser perguntado evitava seus constantes ataques de cólera. Reportagem da Vaza Jato nesta sexta-feira (20) revela que os procuradores Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima, sob a orientação do TCC de Sergio Moro, criaram um método próprio de colocar "cabresto" em alguns jornalistas. Dessa forma, propagaram suas narrativas sobre o processo em curso, que resultaram no golpe parlamentar contra Dilma Rousseff, na prisão do ex-presidente Lula e na ascensão de Bolsonaro ao poder - com Moro à tiracolo. Os ataques de cólera de Bolsonaro e seus apoiadores contra jornalistas são o prenúncio do que está por vir. Sem saber conviver com o contraditório, Bolsonaro e bolsonaristas agridem repórteres, perseguem veículos e buscam impor suas verdades usando o método olavista de mentir e dar chiliques, baseado em grande parte no reich hitleriano. As investigações conduzidas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro expõem cada vez mais os alicerces do império bolsonarista, que hoje comanda o país. Com a popularidade em queda livre, Bolsonaro se apoia em Moro e antecipa uma dobradinha com o ex-juiz da Lava Jato para 2022 na tentativa de se manter por mais um tempo no poder. Presidente e ministro vêm a mídia de forma muito similar. E controlam jornalistas de acordo com seus próprios interesses e planos de poder. Acuados, tendem a apertar o cerco contra os jornalistas que tenham o mínimo resíduo de honra e buscam a realidade dos fatos acima dos próprios interesses junto aos que tentam transformar o país em um reich de mentiras.