Bolsonaro quer privatizar petróleo e o gás da Amazônia

Leia na coluna de Raimundo Bonfim: A privatização do Polo Urucu está inserida no contexto de amplo e poderoso processo de privatizações dos recursos naturais do Brasil, coordenado pelo governo Bolsonaro e ampla maioria do Congresso Nacional, sob leniência do Supremo Tribunal Federal

Imagem da campanha contra a privatização (Divulgação)
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Costumeiramente atento às problemáticas urbanas. Esta coluna traz esta semana um assunto que, apesar de se passar a milhares de quilômetros do eixo Rio-São Paulo, diz muito sobre o projeto de Bolsonaro de destruição do patrimônio público brasileiro.

Quando pensamos em defender a Amazônia, a maioria de nós se indigna com os ataques ao meio ambiente e aos povos originários, camponeses e ribeirinhos que vivem na floresta. No entanto, poucos sabem que, também na selva, existe a maior reserva de gás natural terrestre e o petróleo de melhor qualidade do Brasil.

Resultado de décadas de duras pesquisas exploratórias na região, a Petrobras descobriu uma imensa reserva de hidrocarbonetos na bacia do Rio Solimões e começou a produção na Província Petrolífera de Urucu (663 km a oeste de Manaus) em 1988.

Desde então, pela extrema competência técnica da categoria petroleira e investimentos estatais, não houve registro de qualquer acidente com impacto ambiental. Mesmo operando com materiais extremamente inflamáveis (gás natural e petróleo) por meio de dezenas de equipamentos complexos (estações compressoras de gás natural, tanques de combustível, esferas de GLP – gás de cozinha, etc). Se trata de caso de orgulho nacional, pois mostra que é possível garantirmos a soberania energética com sustentabilidade ambiental e social, rumo à transição para fontes renováveis.

No entanto, no fim de junho, a direção bolsonarista da Petrobras colocou à venda mais este ativo, dando sequência ao plano de esquartejamento da empresa. Lembrando que já foram entregues a BR Distribuidora, a malha de gasodutos, fábricas de fertilizantes e uma longa lista que exibe em oferta 8 refinarias e 12 terminais de armazenamento de petróleo e derivados.

Desde então, a categoria petroleira tem impulsionado a campanha “Urucu é do Brasil – A Petrobras fica na Amazônia” para ampliar o debate para toda a sociedade, denunciando o risco de ocorrência de novos crimes ambientais como Mariana, Brumadinho e o vazamento da barragem da Hydro em Barcarena (PA) caso o Polo Urucu seja privatizado. A iniciativa denuncia, ainda, os prejuízos à economia regional com impacto na arrecadação de royalties dos municípios e do estado amazonense, além das demissões em massa e precarização de salários que sempre ocorrem com as privatizações.

A privatização do Polo Urucu está inserida no contexto de amplo e poderoso processo de privatizações dos recursos naturais do Brasil, coordenado pelo governo Bolsonaro e ampla maioria do Congresso Nacional, sob leniência do Supremo Tribunal Federal.

Ao mesmo tempo em que Jair Bolsonaro coloca em marcha a privatização de Urucu no Amazonas, João Doria, governador do estado de São Paulo (que tenta se apresentar como anti-Bolsonaro) quer privatizar em uma tacada só, 10 instituições públicas, incluindo empresas, fundações e autarquias. O que demonstra uma evidente disputa entre Bolsonaro e Doria: quem é mais pró-mercado?

É fundamental que todos apoiemos os petroleiros para barrar a sanha privatista e impedir que mais uma de nossas riquezas seja entregue a grupos privados. Ajude-nos a furar o bloqueio da mídia comercial, espalhando as mensagens da campanha via redes sociais (Facebook @UrucudoBrasil; Instagram @urucuedobrasil e Twitter @UrucudoBrasil). Também foi criada uma página (urucudobrasil.com) que permite que seja enviado automaticamente um e-mail para diversas autoridades locais e nacionais denunciando mais este crime de lesa pátria.

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum