Boulos marca o retorno da paixão em fazer política, por Cleber Lourenço

São Paulo precisa se livrar da leva de governantes sem entusiasmo, administradores que não olham para os serviços públicos como uma obrigação, mas sim como uma esmola, um favor para o eleitorado.

Foto: Redes sociais (divulgação)
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Em 2018, a democracia brasileira sofreu com o mal da “nova política”. Com isso, uma horda de pessoas sem decoro, respeito ou apreço pelo Estado brasileiro foi eleita em todas as esferas, no Legislativo e no Executivo, em nível estadual e nacional.

Era uma gente determinada em minar a política. Pessoas como Arthur Do Val, que já chamou manifestantes para a porrada, como deputados em flagrante envolvimento com a milícias e policiais truculentos que ameaçaram até mesmo este colunista.

E aquele túnel que parecia não ter fim, mostrou a sua luz. Além de São Paulo, capitais como Porto Alegre, Recife e Belém também levam candidatos progressistas ao segundo turno.

Se há um extremo que Boulos faz parte, é o extremo oposto à antipolítica. Mostrou paixão, devoção e respeito por uma atividade tão nobre como a política. Debateu proposta, conversou com o povo, se apresentou, falou com quem não gostava dele, nos divertiu e devolveu o brilho em fazer política que foi arrasado no pleito anterior.

E é disso que precisamos. Precisamos de menos “política não se discute” e mais debates nas ruas, sempre com civilidade e inteligência. 

Boulos é um candidato que sempre está muito ávido para debater ideias, pontos de vista e projetos de sociedade, algo que foi visto em todos os discursos, feitos com honestidade e sonhos, mas longe daquele famoso “eu prometo”, ainda que cheios de “o que eu posso fazer por nós?”.

Os discursos do candidato são um convite para o eleitor discutir projetos de cidade, trazendo a nobreza que havia sido roubada da política por grupos como os lavajatistas de Curitiba.

Parece que Boulos traz a esquerda dos novos tempos, assim como a internet e as redes sociais, pontos que foram julgados como calcanhares de Aquiles em pleitos passados, sem abrir mão do mano-a-mano, da conversa e da rua, mesmo em tempos de pandemia.

É importante dizer que a campanha também está trazendo jovens não só para acompanhar, como também conhecer e fazer política, com uma linguagem simples, descontraída e acessível a todos.

É... Boulos definitivamente reascendeu a paixão pela política em muitos, assim como um outro barbudo, que diferentemente do atual, era um metalúrgico de São Bernardo do Campo.

Precisamos de mais políticos assim, políticos que vivem e amem a política, pois só assim iremos sair desse mar de aflições que o país vive desde janeiro de 2019.

A escolha da vice também não poderia ser outra. Luiza Erundina é um grande expoente da paixão pela política e ainda é lembrada com muito carinho pela sua gestão inovadora e eficiente na cidade lá nos anos 90.

É um símbolo de garra e luta que traz toda a sua experiência não só como ex-prefeita, mas também como deputada, além de mais importante dose de amor à política.

Precisamos fazer política, pois dentro da democracia, não há solução fora dela.

São Paulo precisa se livrar da leva de governantes sem entusiasmo, administradores que não olham para os serviços públicos como uma obrigação, mas sim como uma esmola, um favor para o eleitorado.

São Paulo precisa de alguém que queira discutir projetos de cidade e que convide a sociedade para participar da sua construção. Não por obrigação, mas por paixão.

Boulos e Erundina têm a chance de fazer São Paulo sonhar. Precisamos de alguém que governe a maior cidade do Brasil para longe do conformismo de quem já está na prefeitura e no estado há quase três décadas. Alguém que queira fazer política.

Boulos no primeiro turno conseguiu vencer o gabinete do ódio. Agora, precisará vencer a redação do ódio e seus editores.