Bozo ao mar, uma breve reflexão

No blog Fala Que Eu Discuto, de Lelê Teles: Não sejamos ingênuos ao abraçar as bombas semióticas de Bolsonaro

Foto: Bolsonaro atira-se ao mar em Praia Grande (YouTube)
Escrito en OPINIÃO el

o que não vimos porque não enxergamos um palmo à frente do nosso nariz.

o homem lançou-se ao mar, cercado de seguranças.

mas um detalhe passou despercebido por nossos perdigueiros empertigados: o cabra saltou horrivelmente do barco até a água e, ainda mais vexoso, nadou o bisonho "nado de poço", braçadas desesperadas, deselegantes e sem estilo.

essa imagem, associada às outras que mostram bozo fazendo flexões de pescoço, correndo como uma gazela quando jovem ou comendo grama porque não conseguiu correr dois metros atrás de uma bola, evidenciaria uma fraude completa, um homem ridículo que finge ser sempre o que não é.

era uma boa oportunidade de ridicularizá-lo.

porém, ao contrário disso, o que mais vi nas redes sociais progressistas, nas mídias progressistas e nos perfis administrados dos parlamentares progressistas foi uma foto em close do sujeito com a cabeça fora d'água, o ombro erguido, cotovelo à mostra, como um nadador profissional a braçar, bravamente, as águas revoltas de um mar aberto. o que vi ali foi um atleta.

palmas para todos os envolvidos.

o diabo é que o desgraçado nadou uns dois metros apenas, com grande dificuldade, mas o registro que o progressismo imortalizou foi a imagem congelada de um iron man.

a ideia desse recorte estúpido, feita pelo progressismo, era mostrar que bozo tentava emular o gesto populista de mussolini.

veja você... para tanto, pegaram uma imagem que mussolini usou como propaganda e a emularam, propagando a encenação do bozo.

com uns adversários desses, bicho!

assim, o fanfarrão que nos preside começa o ano dando um banho de comunicação no progressismo... a moçada num aprende nunca, é sete a um todos os dias.

o sujeito jogou uma isca n'água e o progressismo nadou em cardume em direção à arapuca semiótica.

quem tem olhos pra ver, viu as redes sociais progressistas tomadas por imagens de bolsonaro lançando-se ao mar e sendo recebido por uma "multidão" na praia.

a esquerda acha que faz crítica ao bolsonaro dando visibilidade às suas bombas semióticas. acha que compará-lo a mussolini é uma ofensa. com mil diabos, para um adorador de torturadores isso é um elogio!

sejamos sensatos, o que aconteceu na praia grande foi um flash mob, nada mais, nada menos que um flash mob.

é inacreditável que o progressismo tenha feito desse factóide um fato.

há uma imagem feita do alto de um edifício que mostra o início da encenação: um grupo de machos brancos, concentra-se em um local específico da praia, em grande algazarra. um barco chega, os gritos anunciam que trata-se do presidente. mais gritos, gargalhadas, clima festivo.

em poucos instantes forma-se o "comportamento de manada", quem está por perto, de forma acrítica e curiosa, junta-se à turba e passa a mimetizar seu comportamento.

é assim que acontecem os linchamentos em praça pública, é assim que um trabalhador desce do buzú, cansado e indo pra casa, e encontra uma turba a cacetear um sujeito em plena rua aos gritos de monstro e estuprador. o trabalhador, então, cata um pedaço de pau no chão e passa a açoitar o infeliz que ele nem sabe quem é.

em julho de 2007, lula, com a popularidade nas estrelas, foi vaiado no maracanã na abertura dos jogos pan-americanos. sabemos que havia uma "claque do contra" contratada para puxar o coro de vaias. césar maia, pai de rodrigo e criador do termo factoide, foi acusado de estar por trás da falcatrua.

claro que naquela praia grande, em plena pandemia, estavam os negacionistas que gostam de aglomerar, mas aquela microconcentração, naquele pedaço específico de praia, foi um simples mise-en-scène de teatro de rua e, como tratava-se de um flash mob, o grupo que chegou para atrair a "multidão" se dispersou logo que o barco partiu com o esbaforido nadador.

é isso, não soubemos ler uma performance e nem lidar com ela.

a esquerda, no chile e na argentina, usa o artevismo a seu favor, dando visibilidade às suas ações e promovendo viralização de seus atos. no chile, um cão, o negro mata pacos, é o símbolo totêmico da revolta, mon laferte levou os seios tatuados para o tapete vermelho do grammy, fazendo de uma pauta local um acontecimento internacional, as ruas estão cheias de super heróis, papais noéis e o diabo, tudo isso faz de uma simples prisão de ativista um fenômeno de comunicação, imagina um papai noel sendo algemado e toturado por peêmes até ser jogado num camburão!

aqui nós vamos de postagens de tico santa cruz e felipe neto, dois caras que ninguém sabe para que lado vão e nem de que lado estão, mas a gente dá corda porque eles têm muitos seguidores e blá, blá, blá.

lembro que quando começou o fenômeno de monetização das páginas da direita bolsonarista, quem mais divulgava e mandava o link dessas publicações era a mídia progressistas: "veja que absurdo que esse youtuber bolsonarista está falando sobre o aborto, e linkava pra conta do cara na plataforma. eu ouço o tilintar da máquina registradora do lado de lá.

façam uma análise, uma postagem cabeça de manuela, de sâmia, de davi miranda, tem menos visualizações que uma idiotice proferida por um youtuber bolsonarista, digo visualizações de progressistas.

aliás, seria bom fazer uma análise para saber o percentual equivalente à audiência progressista nos sites bolsonarista.

nossa estratégia de luta tem sido. em verdade, uma autossabotagem.

quem tem ouvidos para ouvir que ouça.

palavra da salvação.